CULTURA
Circo e teatro de rua se encontram em espetáculo na Capital
Espetáculo "Nada, Nenhum, Ninguém", do Grupo Experimental Cena Aberta com a Trupe Arlequim, estreia neste sábado (18), às 20h, no Teatro Santa Roza, em João Pessoa.
Publicado em 18/07/2009 às 10:42
Astier Basílio, do Jornal da Paraíba
O que acontece quando o teatro popular dá as mãos à arte do circo? O resultado pode ser conferido neste sábado (18), a partir das 20 horas, no Teatro Santa Roza, em João Pessoa. É a estreia do espetáculo Nada, Nenhum e Ninguém, uma montagem que marca a união de duas importantes companhias teatrais do Estado: o Grupo Experimental Cena Aberta, que tem se notabilizado por produções voltadas para o teatro popular, e a Trupe Arlequim, companhia fundada por Diocélio Barbosa que tem se destacado pelo seu trabalho de teatro de rua e de seus espetáculos circenses.
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A direção do espetáculo ficou a cargo de Marcos Pinto que também assina o dramaturgismo, que conta a estória de quatro bufões que tentam, sem sucesso, montar outra peça, A Vida É Sonho, clássico da dramaturgia mundial, de autoria do espanhol Pedro Calderón de La Barca. As cenas são costuras por Marcos Pinto a partir de textos de outros autores: Lata Absoluta, inédito de Paulo Vieira; poemas do livro Mensagem, de Fernando Pessoa; e Dormir, Talvez Sonhar, texto do cearense Osvaldo Barroso.
No elenco, estão Diocélio (que interpreta Tebas, uma espécie de antagonista), o estreante Walter Oliveiro (que encarna o protagonista, Zuriel), Márcio de Paula (que faz Baobá) e Ana Valentim (que fez Vereda da Salvação, do Ser Tão Teatro).
A inspiração para compor o espetáculo veio da própria experiência de 17 anos de teatro. “Não é fácil formar um grupo com elenco próprio. Com o passar do tempo, cria-se um conflito, vêm os prêmios, isso sobe à cabeça e as coisas acabam desandando”, explica Marcos Pinto. “Tudo o que o protagonista diz em cena é muito do que eu vivi e do que eu penso”.
No palco, devido a confusões, conflitos e brigas, os bufões não conseguem montar a peça. O colorido da montagem, a visada mambembe e a associação de duas companhias com foco no teatro popular e no circo lembra muito a atmosfera de uma famosa peça, Caravana da Ilusão, de autoria do dramaturgo e escritor mineiro Alcione Araújo, montada aqui por Elias Lima.
“Existe, sim, uma aproximação com a peça”, concorda Marcos Pinto. Todavia, Nada, Nenhum e Ninguém, espetáculo que ficou pronto em seis meses de ensaios, procura seguir um caminho bem próprio. “A peça não tem uma lógica muito grande, é todo feito a partir de poesia”, explica o encenador.
Problema semelhante teve Diocélio Barbosa que saiu da Lua Crescente, companhia da qual foi fundador, devido a problemas internos. “O pessoal não reconheceu os seis anos que eu trabalhei lá, agora estamos fazendo um espetáculo que está indo contra a mesmice, estamos ousando”, opina o ator.
Perguntado se a experiência no grupo anterior serviu de base para composição do personagem, Diocélio diz que sim. “É a essência do que a gente viveu, indo de salas em salas, fazendo essa coisa meio retirante”.
Há muita música em cena. O espetáculo começa com uma canção, sem nome, escrita por Marcos Pinto quando estava em Portugal: “Vivemos brincando com os sonhos/ contando as histórias/ e correndo as estradas./ Seguimos com o riso e a alegria/ que contagia a todos na praça”. Marcos assina ainda a trilha sonora, cenário, máscaras e adereços. A maquiagem é de William Muniz, o figurino e a preparação corporal foram feitos por Maurício Germano, a iluminação ficou a cargo de Elói Pessoa.
Marcos Pinto dirigiu Presépio Mambembe, com texto de Lourdes Ramalho, e com o qual venceu a Mostra Estadual de Teatro e Dança, em 2006. Ainda com o Geca, mas com um outro elenco, ele dirigiu o espetáculo A Saga de Zacarias. Diocélio Barbosa vem desenvolvendo suas pesquisas de teatro de rua e de espetáculos de circo. Sua companhia, a Trupe Arlequim, tem essas duas atuações. A peça marca um encontro de duas gerações do teatro paraibano.
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