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VIDA URBANA

Pesquisador avalia que essa relação de castigos e violência vem desde muito tempo

“Apanhar virou uma coisa cultural, até legítima, eu diria. É algo que vai passando de geração em geração e chega a ser valorizada”

Publicado em 26/04/2015 às 7:00

Na avaliação do professor, não há dúvidas sobre essa relação, que vem sendo confirmada desde a década de 1970, o que mostra que, o tempo passa, mas a relação continua existindo. “Apanhar virou uma coisa cultural, até legítima, eu diria. É algo que vai passando de geração em geração e chega a ser valorizada”, afirmou. Segundo ele, se o pai ou a mãe tem de bater com frequência no filho, alguma coisa deve estar errada e é hora de pedir ajuda a especialistas. “Não estamos aqui falando da palmada leve, estamos nos referindo à punição que deixa marcas no corpo, como bater de cinto, puxar o cabelo, dar socos na criança”, declarou.

A pesquisa realizada pelo Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) utilizou os resultados de dois grupos. O primeiro, composto por adolescentes privados de liberdade; o segundo, com meninos em liberdade. “Chegamos à conclusão que no primeiro grupo, a punição corporal severa foi predominante, e no segundo não”, ressaltou o professor. Dentre os adolescentes que cometeram atos infracionais, 81,3% apanharam quando criança; 72% deles com frequência de pelo menos uma vez por semana. Mais da metade afirmou que quem batia era a mãe.

De acordo com Pimentel, a punição corporal por si só não é determinante para o comportamento desviante, contudo, quando colocada ao lado de outros fatores (como pobreza extrema e família desestruturada) se torna um forte elemento. Negligenciar o diálogo com os filhos e partir para a violência física, segundo o estudo, é uma forma perigosa de disciplina, que nem sempre funciona.

Adolescentes que sofreram punição corporal severa além de serem mais vulneráveis a cometer atos infracionais, também se mostram mais agressivos com suas vítimas. De acordo com o estudo, pelo menos 22% deles praticaram algum tipo de violência física, sendo que a maioria usou as mãos ou deu chute nas vítimas. Também houve o uso de armas (facas e revólveres) durante a infração, o que tem o poder de deixar a vítima ainda mais atordoada.

É importante destacar que o estudo afirma que os adolescentes que apanharam de forma severa na infância têm mais chance de cometer atos infracionais que os que não apanharam. O estudo não diz, em momento algum, que há uma relação direta, nem que todos que apanham de forma severa vão cometer, na adolescência, atos infracionais.

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Jornal da Paraíba

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