ESPORTES
Conheça a história e os termos utilizados por quem tem o skate como esporte
Skate foi uma invenção de surfistas californianos (EUA) do início da década de 60. No Brasil, sua prática começou a ganhar adeptos anos depois.
Publicado em 28/11/2010 às 11:58
Horácio Roque, especial para o Jornal da Paraíba
Neste domingo (28) é o dia das semifinais e finais da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Street Skate Profissional deste ano, o Myllys Skate Pro, que começou ontem, na pista do ‘Manaíra Skate Plaza’, em João Pessoa. Para que você possa acompanhar as disputas sem se perder neste universo, o JORNAL DA PARAÍBA preparou uma reportagem especial sobre os elementos que compõem a prática desse esporte.
Para quem ainda não sabe, o skate foi uma invenção de surfistas californianos (EUA) do início da década de 60. Em períodos de maré baixa, eles começaram a adaptar suas pranchas para algo que também pudesse ser praticado nas ruas. Tanto que, de início, o esporte era chamado de ‘sidewalk surf’ (surf na calçada). No entanto, a modalidade ganhou espaço próprio, com revistas e competições especializadas. No Brasil, sua prática começou a ganhar adeptos anos depois.
Os primeiros skates eram grotescos, com as pranchas retas e pesadas. Naturalmente, o ‘carrinho’ evoluiu e sofreu modificações de acordo com o seu uso nas diferentes modalidades. A prancha, ou ‘shape’, ganhou ondulações nas extremidades (na frente, chamada de nose, tradução de nariz em inglês; e na parte de trás, chamada de ‘tail’, ou cauda). O truck, base de sustentação das rodinhas, virou de alumínio (mais leve) e ganhou amortecedores.
“O skate de hoje não tem nada a ver com o de antigamente. Quando eu comecei, o skate só tinha a inclinação do ‘tail’ e o ‘nose’ era reto. Mas houve evolução, o equipamento se tornou muito mais leve, mais fino e as rodas se tornaram menores também”, declarou o bicampeão mundial Rodil Ferrugem, que começou a andar de skate no final da década de 80.
A prática do skate se divide em dez modalidades ao todo, mas as duas principais são o ‘Vertical’ e o ‘Street’ (rua, em inglês) - isso levando em consideração o número de praticantes. Enquanto na primeira se utiliza apenas uma rampa em formato de ‘U’ para executar as manobras, na outra a ideia é simular elementos presentes no espaço urbano, tais como rampas, corrimões, escadas e bancos.
Com o tempo, foram surgindo praças especializadas (ou plazas, no vocabulário específico do esporte) que simulam o máximo possível o ambiente da rua. O ‘Manaíra Skate Plaza’, em João Pessoa, é um exemplo disso. Construída há dois anos, ela foi projetada por skatistas da região e, hoje, é considerada uma das cinco melhores do país. São três mil metros quadrados, com escadas, rampas e corrimões de vários tamanhos.
“João Pessoa é a capital que mais tem pista de skate e foi a primeira do nordeste a ter uma pista para o esporte. Já o ‘Manaíra Skate Plaza’ é excepcional, é um espaço que todo o skatista paraibano queria. Ela é boa porque oferece várias situações, tanto para os mais agressivos quanto para os mais técnicos. Ela é bem completa”, explicou o único skatista paraibano profissional, Jason Alexander, que está à frente da organização do Brasileiro em João Pessoa.
GLOSSÁRIO PRÓPRIO
Entender tudo isso até que é fácil. A parte mais difícil é compreender as nomenclaturas das manobras. Basicamente, elas se dividem entre as de salto e as de deslizamento. O que assusta em sua compreensão é que são todas nomeadas em inglês. Então, o primeiro ponto que deve-se prestar atenção é se o skatista enfrenta o obstáculo de costas (backside) ou de frente (frontside). Geralmente, essa definição aparece antes do nome do movimento que o skatista fará com o ‘carrinho’.
O artifício mais básico é o salto, chamado de ‘ollie’, que é essencial para executar qualquer manobra. Com o skate no ar, o skatista pode fazê-lo girar em qualquer sentido e em qualquer eixo. Quando ele gira em torno de si, chama-se flip - a mais famosa das manobras. Quem é fã dela e de suas variantes é o bicampeão mundial Rodil Ferrugem.
“As manobras que mais gosto são as de flip. O Skate gira 360º em torno do seu próprio eixo e é a mais básica. Essa manobra dá para combinar com várias outras e é por isso que eu gosto bastante delas”, declarou Rodil.
O atleta ainda pode saltar para fazer o ‘carrinho’ deslizar em obstáculos com o nose (nose slide), com o tail (tail slide), com os trucks (fifty-fifty, grind, nosegrind) ou com o meio do shape (board slide). O skatista ainda pode combinar várias manobras ou inverter os pés de apoios, o que dificulta sua realização e aumenta sua pontuação em competições. Quem é especialista nisso é o paranense Danilo do Rosário, de 22 anos, considerado uma das grandes nomes do street apesar da idade.
“Eu gosto de variar o Ollie, invertendo o pé de apoio (ao invés de iniciar o salto com o de trás, se inicia com o da frente). Essa variação se chama ‘nollie’. E eu gosto muito de utilizar os corrimões, caixotes, de deslizar. Não gosto muito de saltar, porque não tenho boas recordações e porque as quedas machucam bastante”, declarou Danilo do Rosário.
Ou então, há aqueles que preferem mostrar equilibrio em cima do skate, fazendo-o andar sustentado apenas em duas ou, às vezes, em apenas uma rodinha. Essas manobras chamam-se ‘Manual’ e um dos grandes ícones deste tipo é o paulista Marcelo Amador ‘Forguinha’.
“Por eu andar bastante em ruas, eu gosto mais dessas manobras de manual do que pular uma escada ou descer um corrimão. São minhas preferidas, até porque eu gosto de encaixar outras manobras com ela”, declarou Formiguinha.
Como cada skatista tem seu estilo próprio de andar (alguns mais agressivos, alguns mais técnicos e entre outros), eles tentam transferir essa personalidade para a forma como se vestem. Mas há elementos de seus vestuários que são comuns a todos: o cadarço segurando a calça ao invés do cinto e os tênis reforçados com borracha na sola, para aumentar o atrito com a lixa do ‘shape’.
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