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VIDA URBANA

Tratamento humanizado ameniza sofrimento de pacientes

Funcionários do setor de oncologia do Hospital da FAP em Campina Grande usam política de humanização do tratamento junto aos internos da Fundação.

Publicado em 04/01/2015 às 12:00

Cuidado e atenção. Essas palavras sintetizam o trabalho desenvolvido pelos profissionais da saúde que lidam diariamente com pessoas portadoras de câncer. Diagnosticados com uma doença que lhes deixam fragilizados, esses pacientes necessitam de cuidados especiais para poder lidar melhor com a patologia. Eles estão submetidos a passar boa parte do seu tempo nos hospitais e é nesse ambiente, onde além de medicamentos, eles recebem a dedicação de pessoas que passam a ser uma extensão da família deles e se esforçam para fazer com quem o câncer seja enfrentado com menos sofrimento.

Para melhor atender os pacientes com câncer, os funcionários do setor de oncologia do Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP) adotam a política de humanização do tratamento, que consiste em prestar assistência psicológica e, sobretudo, emocional aos portadores de câncer, segundo a chefe de enfermagem, Tatiana Pachu Borges, de 33 anos, que há cinco trabalha no hospital. “A humanização está principalmente no setor de enfermagem, já que passamos a maior parte do tempo com eles. A partir dessa convivência, criamos vínculos afetivos e eles têm a equipe como um porto seguro”, disse.

São gestos simples como um 'bom dia', um 'como você está hoje?', um abraço, uma ligação fora do horário de trabalho ou os recadinhos deixados nas redes sociais que formam os laços entre os cuidadores e os pacientes, segundo a enfermeira coordenadora do setor de quimioterapia, Layze Leal, 24 anos, que trabalha há dois anos na instituição. É com ela que os pacientes têm o primeiro contato depois de passarem pelos médicos e ela conta que tem que administrar o impacto das pessoas quando descobrem que foram diagnosticadas com o câncer. “Os pacientes chegam muito carentes de atenção. Encontro pessoas que estão abatidas, chorando e as apresento à quimioterapia, onde ao contrário do que muitos pensam, também pode ser um momento de muita diversão, pois elas entram em contato com pessoas na mesma situação e saem com uma energia positiva” enfatizou.

Palavras carinhosas são usadas no tratamento

Ao tratar diariamente de pessoas com câncer as conquistas dos pacientes passam a ser as conquistas dos profissionais e todos comemoram juntos os avanços do tratamento. Para a técnica de enfermagem da quimioterapia Sayonara Sousa de 35 anos, que há oito anos instala as medicações nos soros, checa as reações dos pacientes e lhes dá toda sua atenção. “Nós temos muito amor pelo que fazemos e a reciprocidade é grande. Nos colocamos no lugar do paciente que chega triste, com um diagnóstico difícil, damos carinho e eles sentem isso. Quando voltam com outro semblante, é uma recompensa para nós” comentou.

'Meu amor' e 'minha florzinha' são os termos utilizados por Layze ao atender a ligação de uma paciente que já se encontra em um estágio terminal da doença. Alguns casos não têm o desfecho esperado pelos profissionais nem pelos portadores do câncer, e eles devem se habituar a lidar com as perdas. “É difícil perder um paciente. Tem dias que um ou outro da equipe cai, mas a gente tenta o equilíbrio. Levamos para casa uma carga emocional e psicológica muito grande do que vivenciamos no hospital, mas isso não pode interferir no nosso trabalho” destacou.

Mesmo com vários protocolos sendo quebrados na relação entre o cuidador e o paciente que está sendo cuidado, há limites que devem ser respeitados. Por isso, a chefe de enfermagem orienta a equipe a preservar o lado profissional. “Não podemos misturar demais as questões profissionais com a emoção. A partir do momento que não conseguimos controlar nossos sentimentos, deixamos de dar forças aos pacientes que estão precisando do nosso apoio” comentou.

Para cuidar das pessoas com câncer, a equipe do setor de oncologia do hospital da FAP conta com quatro enfermeiras, 12 técnicos de enfermagem, oito médicos na quimio e radioterapia e mais outros 22 especialistas. O hospital é referência no tratamento de portadores de câncer e atende pessoas de várias regiões do Estado.

Voluntários ajudam as pessoas a enfrentar doença


Cuidar do doente com câncer, em especial na fase avançada da doença, é descrita como uma tarefa difícil, mas para muitas pessoas o desejo de ajudar a quem precisa se sobressai. É o que acontece com os voluntários que prestam serviços em instituições de apoio aos portadores de câncer. Para eles a recompensa não está em um retorno financeiro, mas sim no sorriso de cada pessoa que é ajudada.

Como descreve a estudante Anne Caroline, de 20 anos, que é voluntária no Instituto Paraibano de Combate ao Câncer Infantil (IPCCAN) há um ano. “Eu sempre gostei de ajudar pessoas, principalmente àquelas que necessitam de uma atenção e dedicação maior que as outras. Eu penso que se em algum momento eu estivesse no lugar do outro, com certeza eu ia querer alguém que fosse meu suporte e estivesse sempre presente” comentou.

Religiosa, a estudante conta que sua maior motivação para desenvolver o trabalho de voluntária no IPCCAN foi Deus. “Eu sou alguém muito temente a Deus e Ele me mostrou que chegou o tempo de parar de olhar para as próprias necessidades e os sonhos individualistas e conseguir um tempo para me doar e servir” disse.

O IPECCAN é uma entidade sem fins lucrativos que trabalha para amenizar os impactos do diagnóstico do câncer em crianças e adolescentes portadores da doença. O instituto presta ações direcionadas a assistir tanto as crianças quanto os seus familiares desde 2007, com o objetivo de proporcionar qualidade de vida, por entender que essa é uma ação de fundamental importância para a recuperação da saúde do paciente.

Psicóloga diz que é preciso saber lidar com limites

Para a psicóloga e professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Railda Fernandes, os profissionais de saúde devem estar preparados para saber lidar com os limites. “Entretanto, quando se trata de uma doença grave, como o câncer, os laços afetivos dificultam o exercício profissional, pois tais afetos mobilizam emoções muitas vezes incontroláveis que interferem negativamente na hora da tomada de decisão em relação ao tratamento. Em contrapartida, os profissionais trabalham constantemente com o sofrimento dos doentes, o que pode provocar doenças emocionais, causadas pelo excesso de estresse”, ressalta.

De acordo com Raolda Fernandes, a humanização é condição básica para o processo de reabilitação do paciente seja de câncer ou de qualquer outra doença. “Tratamento humanizado implica em respeito à pessoa doente. Significa tratá-lo com dignidade. Significa considerar a sua opinião sobre o próprio tratamento. Em última instância, a filosofia do tratamento humanizado prevê que o doente seja respeitado em suas decisões”, conclui a professora.

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Jornal da Paraíba

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