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CULTURA

Flama que não se apaga

Jornalista, radialista e quadrinista natural de Campina Grande, Deodato tinha 80 anos, completados no dia 20 de janeiro.

Publicado em 26/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 10:54

“O Flama morreu”, postou Mike Deodato Jr. na timeline de seu perfil em uma rede social. A mensagem – não percebida por todos os fãs do quadrinista – foi tão rápida como uma centelha, mas cheia de pesar: quem morreu foi o criador do super-herói, que espelhava seu alter-ego na criatura, o primeiro personagem de uma história em quadrinhos na Paraíba: Deodato Taumaturgo Borges.

Jornalista, radialista e quadrinista natural de Campina Grande, Deodato tinha 80 anos, completados no dia 20 de janeiro, e travava na vida real a luta contra um câncer renal. Na última quinta-feira, ele foi submetido a uma cirurgia para retirar um dos rins. Ontem, durante a sessão de hemodiálise, teve uma parada cardíaca e morreu no começo da tarde, no hospital da Unimed, em João Pessoa.

Na “árvore genealógica” dos quadrinhos paraibanos, em 1963, o Flama foi a primeira raiz que germinava no inédito cenário quadrinístico. Três anos antes, o próprio Deodato Borges emprestava seu punho não para socar os vilões, mas para escrever os episódios nas ondas do rádio, que também tinha a voz do criador para reverberar a busca de justiça do personagem.

O Flama era um detetive de capa e máscara inspirado em ícones norte-americanos como The Spirit, de Will Eisner, e Flash Gordon, de Alex Raymond. Inicialmente foi criado para combater outra novela radiofônica na audiência: Jerônimo, personagem criado e exportado pelo Sul do país.
De acordo com o próprio Deodato, quando o entrevistei há mais de 10 anos em virtude das quatro décadas de criação do personagem, o protagonista era um sucesso estrondoso entre a criançada na época. Por isso migrou para as páginas impressas em clichê literalmente “a quente” do título As Aventuras do Flama, no mesmo ano em que seu filho “Mike” – parceiro de futuras HQs e um dos grandes nomes da atualidade na profissão – nascia.

Fazia tudo na revista que se esgotava na porta da rádio. Era o financiador, roteirista e desenhista de uma vida curta de aventuras do herói. Foram apenas cinco raríssimas edições, publicadas naquele mesmo ano.
“Os quadrinhos na Paraíba começaram com o Flama. Deodato não é responsável apenas pelo primeiro herói paraibano, mas também enfrentou dificuldades de uma produção que não era comercial”, relembra o quadrinista e pesquisador Henrique Magalhães.
A audiência do Flama era tamanha no Estado que tinha fã-clube do herói. Acerca dessa fama, Deodato chegou a contar um caso que mais parecia uma “história de pescador”: certo dia, ele sofreu um acidente com um anzol, que lhe atravessou um dedo. Na enfermaria, após o médico fazer os procedimentos do seu curativo, retirou do bolso, de maneira altiva, uma carteirinha do tal fã-clube, chamando o próprio criador de Flama.

Segundo Henrique Magalhães, Deodato Borges também fomentou o cenário dos quadrinhos nos anos seguintes como editor. “Ele colocou as tiras no jornal, um feito inédito até então. Criou o suplemento O Norte em Quadrinhos (no ‘boom’ dos anos 1970) e incentivou o movimento publicando nomes como Emir Ribeiro, Marcos Nicolau e o próprio Deodato Filho”.
Por duas vezes, Deodato Borges assumiu a superintendência da Rádio Tabajara, a primeira vez em 1991, no governo de Ronaldo Cunha Lima. A segunda em 2006, no governo Cássio Cunha Lima. Também foi Secretário de Comunicação do Estado.

O enterro será hoje, no Cemitério Parque das Acácias, em João Pessoa. Até o fechamento desta edição, ontem, o horário não havia sido divulgado.

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Jornal da Paraíba

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