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VIDA URBANA

Reforma prejudica catadores da capital

Catadores de material reciclável estão parados há 3 meses, devido a reforma no galpão de coleta seletiva e triagem do aterro sanitário.

Publicado em 12/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 19/01/2024 às 15:12

Para sustentar os quatro filhos, há 2 meses Célia Maria da Silva voltou a catar material reciclável nas ruas de João Pessoa. Ela e cerca de 130 catadores que trabalhavam no Aterro Sanitário da capital estão parados há 3 meses, devido a uma reforma no galpão de coleta seletiva e triagem do local, e reclamam que não estão recebendo regularmente a ajuda de custo enquanto as obras não terminam.

Sem ter condições para pagar o aluguel e manter a família, desde que ficou sem trabalhar no Aterro Sanitário, Célia passa as manhãs no Centro da capital à procura de material reciclável.

Segundo ela, quando a reforma foi iniciada, no início de fevereiro deste ano, os trabalhadores ficariam parados e receberiam R$200 por mês e uma cesta básica. No entanto, ela reclama que os auxílios estão atrasados.

Carregando em um carrinho cerca de 50 quilos de material reciclável todos os dias, a alternativa da catadora foi voltar às ruas para não ver a família passar dificuldades.

“Quando eu vi que esse dinheiro iria atrasar, o jeito foi voltar para catar as coisas na rua e também só com esse dinheiro que prometeram não dá para eu pagar o aluguel”, completa.

Flávio Alves, que trabalha no aterro há 9 anos, passa o mesmo drama de Célia. Com quatro filhos pequenos para sustentar e a esposa desempregada, ele conta que pediu dinheiro emprestado aos vizinhos para comprar o leite da filha mais nova, de 6 meses. “Desde que essa reforma começou eu só recebi duas cestas básicas e duas parcelas do pagamento. A última sexta foi com um mês de atraso e mesmo assim só dá para 15 dias”, lamentou o jovem.

A maior parte dos catadores que trabalham no Aterro Sanitário da capital mora na comunidade do “S” e sobrevivia do material que coletava no antigo lixão, que existia no bairro do Róger e foi desativado em 2003. Contudo, catadores dos municípios de Bayeux e Santa Rita também foram relocados para os galpões do aterro, como é o caso de Marcos da Silva, que mora em Santa Rita.

Ele conta que também está nas ruas novamente à procura de produtos recicláveis e denuncia ainda que os trabalhadores não têm recebido apoio da Associação Astramares para cobrar os pagamentos.

“A gente que tem família, tem que se virar de qualquer jeito para não deixar faltar comida em casa. Agora, essa ajuda que estão pagando a gente e ainda atrasada, não dá para chegar nem até duas semanas. A sorte é que minha esposa está trabalhando”, disse.

EMLUR EXPLICA O MOTIVO DO FECHAMENTO DO GALPÃO DO ATERRO

Por meio da assessoria de comunicação, o superintendente da Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (Emlur) da capital, Anselmo Castilho, informou que a empresa administradora do Aterro Sanitário repassaria, ainda ontem, a última parcela da ajuda de custo à diretoria da Astramares, que disponibilizaria o benefício aos trabalhadores do local. Ainda segundo o superintendente, as outras duas parcelas foram pagas nos dias 7 de fevereiro e 17 de março.

O superintendente explicou ainda que “para a reforma na área de coleta seletiva e triagem foi necessário o fechamento do galpão do aterro sanitário durante 3 meses (fevereiro a abril). Segundo ele, os agentes voltarão ao galpão a partir da próxima segunda-feira, 16, antes do prazo estabelecido”.

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Jornal da Paraíba

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