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POLÍTICA

André paga dívida de R$ 36 milhões

Prefeito de Sousa diz que  já conseguiu colocar para funcionar os serviços de saúde e educação que estavam paralisados.

Publicado em 10/04/2013 às 6:00

O prefeito de Sousa, André Gadelha (PMDB), fala sobre as dívidas e problemas encontrados ao assumir a gestão em janeiro e garante que já conseguiu “apagar o incêndio” ao recuperar o equilíbrio nas contas da prefeitura. As declarações foram concedidas na oitava entrevista da série “100 Dias de Gestão: E Agora, Prefeito?”, do JORNAL DA PARAÍBA. Gadelha afirma que encontrou débitos superiores a R$ 36 milhões, além de todos os dados administrativos apagados dos computadores da prefeitura. Apesar das adversidades, o gestor anuncia que já conseguiu colocar para funcionar os serviços de saúde e educação que estavam paralisados e afirma que o foco agora é planejar a realização de obras estruturantes, com investimentos em mobilidade urbana e saneamento básico. O peemedebista promete ainda deixar as diferenças partidárias de lado para buscar parcerias com o Governo do Estado.

JORNAL DA PARAÍBA - Quais as principais dificuldades encontradas pelo senhor quando assumiu o governo municipal e quais já foram superadas?

ANDRÉ GADELHA - As dificuldades foram várias. Encontramos problemas em todas as áreas da administração. Nos deparamos, já no primeiro repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), com um bloqueio da ordem de R$ 250 mil por débito não regularizado junto ao INSS. Nós tínhamos seis restrições no Cauc (Cadastro Único de Convênios), tudo isso nos impedia de realizarmos parcerias com o governo federal. Com 10 dias de governo, recebemos um aviso de corte por parte da Energisa pelos últimos dois meses de energia do governo passado. Hoje, depois de muitos anos, o município dispõe da CND (Certidão Negativa de Débitos). Na saúde, encontramos a policlínica fechada, dos 26 postos de saúde do município, apenas dois funcionavam, e de forma precária, os demais fechados e completamente deteriorados. Das ambulâncias do município, incluindo as do Samu, apenas uma funcionava. Para se ter uma ideia do estado dos referidos veículos, a única ambulância que o município tinha com uma UTI completa, nós encontramos incendiada. Aliás, todos os veículos do município se encontravam em péssimo estado de conservação, 70% deles encostados. Os três Caps existentes no município estavam fechados. Hoje os 26 postos de saúde estão funcionando com seu quadro completo, a policlínica dispõe de 18 especialidades, os CAPs funcionam com sua capacidade máxima,

JP - Qual a situação da Educação?

ANDRÉ - Na educação, encontramos a maioria dos grupos escolares fechados, a estrutura física dos prédios em estado de calamidade, grupos nos quais nem sequer água tratada existia para se beber. Já reabrimos todos os grupos escolares, que antes passaram por uma reforma, saneamos o problema da água. Fechamos os 100 dias de governo com uma média mensal de 11 mil atendimentos na farmácia básica, realizamos 48 mil exames laboratoriais, e hoje o município possui três equipes do Nasf em pleno atendimento. Na Ação Social, programas federais como o Creas e o Cras não funcionavam, a padaria do município encontrava-se fechada. Hoje os programas sociais funcionam plenamente e vamos reabrir a padaria ainda no mês de abril. Conseguimos, em parceria com governo do Estado, a Casa da Cidadania, que abrirá em breve em nosso município, através do presidente da Fiep - Sesi, e em parceria com a TV Cabo Branco vamos realizar, no próximo mês, a Ação Global.

JP - Quais os principais investimentos previstos para a cidade neste começo de gestão?

ANDRÉ - Nós queremos investir pesado na cidade, a cidade ficou carente durante quatro anos de uma grande obra de infraestrutura e saneamento básico. Estamos elaborando projetos de pavimentação de várias ruas da cidade, vamos construir os portais de entrada da cidade e alargar diversas ruas principais a fim de melhorar o trânsito, tudo dentro de um projeto de mobilidade urbana. Há uma deficiência em nosso município de quadras para que se incentive o esporte amador e se tire das ruas e das drogas nossas crianças e adolescentes. Então, vamos construir quadras poliesportivas nos bairros carentes. A construção de praças será outra prioridade, urbanizar os bairros e oferecer oportunidade de lazer e qualidade de vida à população. Um projeto audacioso, e para ele contamos com o apoio do deputado Leonardo Gadelha, é a construção de um complexo turístico dentro do Vale dos Dinossauros, com a edificação entre outros, de um museu paleontológico, para o qual já disponibilizamos desta verba, conseguida junto ao senador Vital do Rêgo.

JP - Como está a relação com os servidores? Já há a previsão de reajustes ou outros benefícios para as diversas categorias do funcionalismo municipal?

ANDRÉ - A relação é a melhor possível. Apesar do pouco tempo de governo, nós já demos aumento em torno de 100% aos médicos, enfermeiros e odontólogos, que haviam se afastado da saúde municipal devido aos baixos salários oferecidos, implantamos 20% de insalubridade dos ACS e Peva. Em relação aos nossos técnicos em enfermagem, nós demos 9,84% de aumento aos professores.

JP - Em relação às obras, quais os novos projetos já estão em andamento?

ANDRÉ - Quando da nossa visita em Brasília, por ocasião do encontro dos prefeitos, o pronunciamento da presidenta bem como dos seus ministros era de que o Governo Federal possui verba para os municípios organizados e que possuíssem projetos, então nós temos projetos. Em início de construção existe a praça de eventos do Marizão.

JP - O senhor encontrou obras paralisadas deixadas por gestões anteriores? Quais já foram retomadas?

ANDRÉ - Várias. Encontramos obras inauguradas que na realidade não tinham condições de funcionamento, a exemplo da UPA, que entre outras irregularidades, possuía uma fiação que não suportaria a carga dos equipamentos hospitalares, além de investimento na ordem de R$ 1 milhão não possui sequer uma caixa d'água. Encontramos grupos escolares que o projeto e o contrato previam uma coisa e a obra realizada é outra.

JP - Como tem sido o relacionamento com o governo estadual e o governo federal nesse início de gestão?

ANDRÉ - Com o Governo Federal é a melhor possível, já nos reunimos com os ministros da educação, com o ministro de Desenvolvimento Agrário, do Turismo e com o nosso conterrâneo, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. Com relação ao Governo do Estado a minha postura desde o início do governo é uma só: vestir a camisa do município. Independente de cor partidária, vejo o Estado como um parceiro do município e estamos abertos ao diálogo sempre, tudo em prol da cidade.

JP - A seca está afetando as cidades de todo o Sertão nordestino? Quais os prejuízos para o município e como a prefeitura está enfrentando o problema?

ANDRÉ - Nossa região hoje tem cerca de 10 mil famílias prejudicadas pela ausência de chuvas regulares. Nosso perímetro irrigado de São Gonçalo encontra-se ameaçado, os coqueirais, responsáveis pelo nosso principal produto de exportação, nosso cartão de visita, quase não produzem, não temos mais a cultura da banana, da macaxeira, sem falar na agricultura familiar, base do sustento do homem do campo, que sem as chuvas diminuíram significativamente. Hoje temos seis carros-pipas abastecendo mais 792 famílias.

JP - Como está a situação das contas da prefeitura atualmente? Há dívidas ou a situação já está equilibrada na prefeitura de Sousa?

ANDRÉ - Há dívidas monstruosas. Com o INSS é em torno de R$ 27 milhões. Encontramos com a Energisa um acordo assinado, reconhecendo uma dívida na ordem de R$ 9 milhões, parcelada em 2009 sem uma parcela paga, há vários anos o município de Sousa não possuía uma Certidão Negativa de Débito e hoje nós possuímos. Mas as contas estão equilibradas, conseguimos apagar o incêndio que encontramos e com as contas equacionadas vamos fazer com que Sousa cresça e tenha novamente o lugar de destaque que sempre lhe foi dado.

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Jornal da Paraíba

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