CULTURA
O último da geração de regentes míticos
Centenário do Maestro Eleazar de Carvalho é comemorado neste sábado (27); falecido em 1996, Eleazar foi regente da OSPB entre de 1987 e 1990.
Publicado em 28/07/2012 às 6:00
“Ele é uma lenda para a música de concerto no Brasil desde que existe, da vinda de D. João VI pra cá”, define o Maestro Titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), Alex Klein, sobre o regente cearense Eleazar de Carvalho (1912-1996), cujo centenário de nascimento é comemorado neste sábado.
Nos Estados Unidos, Carvalho estudou regência com o renomado Sergei Koussewitzky, tornando-se doutor em música no começo dos anos 1960.
No Brasil, foi fundador da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Música, além de ser diretor artístico e regente titular de várias orquestras pelo país, incluindo a própria Orquestra Sinfônica da Paraíba, entre os anos de 1987 e 1990, imprimindo um período áureo para o Estado. “Ele estudou a vida toda para ser um grande regente”, lembra o maestro titular da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba (OSJPB), Luiz Carlos Durier, que tocava sua viola sob a batuta do Eleazar na época.
“Ele acreditava muito no lado educacional através dos festivais de música”, frisa Klein. Eleazar ligou o modelo do Festival de Tanglewood, onde foi professor de regência por 17 anos: aplicou com sucesso em Campos do Jordão, Gramado, Itu e João Pessoa. “Ele trazia para a gente boas referências da excelência da técnica, visando a qualidade do trabalho”, relembra Durier.
“Além da emoção acima de tudo.”
Antes, no final dos anos 1970, Eleazar de Carvalho sempre era convidado para realizar concertos por aqui. “Ele elegeu a sinfônica paraibana como uma das melhores do Brasil”, testemunhou o jornalista Biu Ramos. “No final, ele aplaudiu todos os músicos. Tanto assim, que ele elegeu a Orquestra Sinfônica da Paraíba como a terceira melhor do Brasil, atrás apenas da Orquestra Sinfônica Brasileira e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.”
CAVALHEIRO
Uma das características marcantes do maestro era seu método rigoroso e sua disciplina. "Ele não era rude. Era exigente", observa Alex Klein. "Era um cavalheiro, que não se deixava levar por distrações."
Durier via o Eleazar de Carvalho como um disciplinador. "Quando ele descia do pódio, era a pessoa mais gentil, meiga e suave do mundo", garante.
A disciplina era o mote do grande intérprete de Beethoven e Tchaikovsky. Quando um trecho ensaiado não estivesse como o regente queria, Durier – que era músico da Jovem e estagiário da OSPB na época – lembrava sempre de suas palavras: "Quando não se pode fazer o que se deve, deve fazer o que se pode."
Apesar de ter criado óperas como O Descobrimento do Brasil e Tiradentes, o maestro não explorava seu lado compositor. "Minha vida é ser um intérprete e não um criador", afirmava Eleazar, de acordo com Durier.
Entre as reminiscência do maestro titular da OSJPB está a recordação da entrada sempre solene de Eleazar de Carvalho. "Ele pertencia à última geração dos grandes regentes míticos."
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