VIDA URBANA
Chuvas não alteram volume e Boqueirão continua com 10,2%
Volume é o menor nível da história desde que o açude foi inaugurado em 1957. Outros 80 reservatórios da Paraíba também estão em situação crítica.
Publicado em 24/04/2016 às 7:23
A cada chuva registrada na região do Cariri paraibano a esperança aumenta para os moradores das 19 cidades que são abastecidas pelo açude de Boqueirão. No entanto, até chegar ao reservatório, a água da chuva percorre um longo trajeto e encontra, em seu caminho, rios e pequenos açudes. A última semana, a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa) vem registrando chuvas principalmente no Sertão e Litoral do Estado, mas a previsão é de precipitação abaixo da média histórica até junho.
Atualmente, os 400 mil moradores de Campina Grande e demais 18 localidades abastecidas pelo açude de Boqueirão estão enfrentando o pior colapso e iminência da falta total de água, pois o reservatório está com apenas 10,2% de sua capacidade, que é de 411 milhões de metros cúbicos, considerado o menor volume da história desde que foi inaugurado em 1957.
Antes dessa crise hídrica, o açude havia registrado o pior índice em 1999, quando chegou em 14,9%. Nos seus 58 anos, o manancial sangrou 12 vezes, a última delas, em 2011. No entanto, desde o dia 6 de dezembro de 2014, Campina Grande e região enfrenta um severo racionamento. De início, o fornecimento era cortado no sábado, às 17h, e voltava na manhã da segunda-feira. Em outubro de 2015 houve ampliação até às 5h da quarta-feira, totalizando 84 horas sem água.
Previsão para fevereiro é de 5%
A Cagepa informou que a determinação para a ampliação partiu da Agência Nacional das Águas (ANA), tendo em vista o baixo volume do açude. Essa medida é para que o abastecimento não pare até fevereiro de 2017, quando a previsão é que o açude chegará a cerca de 5% da capacidade total. Esse cálculo não leva em conta possíveis recargas de chuva. E assim que chegar ao volume morto, a Cagepa vai implantar novo racionamento.
A situação de Boqueirão apresenta situação em observação, que são aqueles açudes com menos de 20% de sua capacidade, juntamente com outros 33 reservatórios da Paraíba monitorados pela Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa). Outros 48 mananciais estão em situação crítica (menor que 5% do seu volume total) e dois estão sagrando: em Cachoeira dos Índios e Mamanguape.
Caminhos das águas
Os principais afluentes do açude de Boqueirão são os rios Taperoá e Paraíba. Segundo o especialista em recursos hídricos, Isnaldo Cândido, o rio Paraíba nasce na Serra do Jabitacá, na cidade de Monteiro, a cerca de 150 quilômetros de distância do manancial. No seu trajeto, até chegar em Boqueirão, existem três reservatórios de grande porte, o Poções, o Camalaú, e o Sumé.
Já o rio Taperoá, que é o principal afluente do Paraíba, nasce em Teixeira, e após percorrer os municípios de São João do Cariri e Cabaceiras, deságua no Paraíba, a uma distância de cerca de 12 quilômetros do barramento principal do açude de Boqueirão. No caminho do rio Taperoá também existem açudes de porte considerável, como o Taperoá e o Açude do Meio.
Portanto, para o açude de Boqueirão receber água vai depender da localização das chuvas.
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