HULW reduz em 88,8% número de cirurgias

Dos 500 procedimentos cirúrgicos por mês que o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW), em João Pessoa, poderia realizar, apenas 56 cirurgias/mês estão sendo feitas. Ou seja, uma redução de 88,8%.

O alerta é do chefe da Divisão de Cirurgias do hospital, Geraldo Almeida, que ontem pela manhã recebeu na unidade hospitalar o presidente da Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seccional Paraíba, Paulo Menezes, com o objetivo de mostrar a situação e pedir ajuda para resolver os problemas.

Insatisfeitos e incomodados com os diversos problemas enfrentados no setor cirúrgico do HULW, membros da Divisão de Cirurgias haviam solicitado a visita de representantes da OAB-PB, através da Comissão de Saúde, para verificar as dificuldades do setor e abrir um diálogo para evitar que o hospital permaneça realizando atividades abaixo de sua capacidade total.

No dia 3 de junho deste ano, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) emitiu um auto de interdição ética dos médicos que atuam no serviço de Pronto Atendimento (PA) do HULW, com base nos princípios fundamentais do Código de Ética Médica e Resoluções do Conselho Federal de Medicina. No dia 25 de julho foi a vez do CRM-PB interditar o bloco cirúrgico do Hospital Universitário por falta de anestesistas na sala de recuperação pós-cirúrgica. O bloco cirúrgico permanece interditado, com salas e enfermarias vazias.

A diretoria do hospital viajou a Brasília, esta semana, para encaminhar ao governo federal um relatório com os diversos problemas enfrentados pela unidade. Mesmo assim, o chefe da Divisão de Cirurgias solicitou a intermediação da OAB. “O grupo de cirurgia desse hospital está extremamente impaciente com a situação vivida aqui, e por isso, estamos tentando, desta vez, junto com a OAB, evitar qualquer impasse, bem como buscar meios para que o hospital volte a produzir e ter suas atividades normais, já que ele é um instrumento de saúde pública. Fazemos um apelo às autoridades para que não deixem o HU entrar em crise, prejudicando toda a população do Estado”, denunciou.

Segundo Geraldo Almeida, o HULW tem capacidade máxima de realizar até 500 cirurgias por mês, mas devido a medidas tomadas recentemente pela administração do local, para poder fazer frente às demandas do Conselho Federal em termos de Resolução de Funcionamento, se fez necessária a redução dos procedimentos. “Nós tivemos que diminuir bastante o número de cirurgias, passando atualmente para uma média de 56 cirurgias/mês. Isso encontrou por parte da equipe de cirurgia uma reação muito forte, razão pela qual fizemos essa reunião com o intermédio da OAB”, destacou.

O presidente da Comissão de Saúde da OAB-PB, Paulo Menezes, recebeu das mãos do chefe da Divisão de Cirurgias um documento apresentando os principais problemas do hospital, “pedindo socorro da ordem para resolver a situação que está um caos” e afirmou que fará o possível para conseguir, conversando com a direção, através dos caminhos legais e viáveis, encontrar uma solução para o impasse. “Entre os problemas, podemos destacar como os mais graves a falta de pessoal, como a quantidade reduzida de anestesistas e enfermeiros, o que mostra uma carência de profissionais. Mas também faltam equipamentos, materiais, medicamentos e insumos. Quer dizer, o problema é muito abrangente e complexo”, classificou. (Colaborou Luzia Santos)