Fila de espera por aparelho auditivo

Criado em 2004, o programa Reabilitação Auditiva, desenvolvido pelo Governo Federal e que oferece gratuitamente o aparelho de amplificação sonora individual para pessoas com esse tipo de deficiência, tem apresentado problemas na sua execução na Paraíba. Apesar de já ter ao longo desse tempo atendido cerca de 3.360 usuários, ainda existem 3.620 pessoas que estão na fila de espera para receber o aparelho.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que mais de 230 mil paraibanos têm algum grau de deficiência auditiva e que poderiam ser atendidos pelo programa. De acordo com o major Luciano Pontes, diretor do Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa, unidade responsável pelo processo de entrega dos itens, gradativamente essa lista de espera tem sido reduzida, apesar da demanda ainda ser considerada grande, além do tempo que se gasta no processo de licitação para aquisição dos objetos.

“Tivemos um acúmulo muito grande de solicitações que não foram atendidas em anos anteriores. Agora, estamos tentando colocar em dia, e o tempo médio que temos levado é de cerca de 60 dias, desde a primeira consulta do usuário, até a chegada do aparelho”, explicou o diretor do hospital, que afirmou que desde o ano passado até o último mês mais de mil aparelhos foram entregues.

Para que o deficiente auditivo tenha acesso ao aparelho, ele deve procurar uma Unidade Básica Saúda da Família, local onde será realizado o encaminhamento para uma clínica ou hospital que preste o serviço e onde o paciente será acompanhado por uma equipe multidisciplinar.

“Primeiro o paciente será atendido pelo Serviço Social, sendo depois realizada a consulta com o médico otorrinolaringologista.

Então, o médico solicita exames e este paciente passará por uma equipe multidisciplinar e se necessário será encaminhado para uma seleção, ou, após o fim dos procedimentos, será encaminhado à compra de imediato”, explicou o integrante do setor de Reabilitação Auditiva Daniel Mota Mendonça.

Quem recebeu seu aparelho de amplificação sonora este ano foi Darkson Saraiva Bezerra, 36 anos. Deficiente auditivo desde quando nasceu, o instrutor de Libras (língua de sinais) contou através da intérprete Renata Frazão que buscou informações sobre o programa e ficou satisfeito com o aparelho. Com apenas 20% de audição em um ouvido e surdo no outro, ele apontou que o uso do equipamento para ele é indispensável, já que precisa do objeto para guiar sua moto no trânsito.

“Como o Código de Trânsito obriga, eu tenho que usar o aparelho para poder me deslocar com minha moto. Fiquei satisfeito com o resultado, apesar de ter pedido no ano passado e ter recebido no começo desse ano. A captação de sons é pouca, mas para mim acaba sendo importante. Tive que me adaptar, porque não é fácil usar um aparelho como esse”, contou.