VIDA URBANA
Número de mulheres presas na PB cresce 91% em sete anos
População carcerária saltou de 271 presas em 2007 para 520, em 2014, segundo dados do Ministério da Justiça. População carcerária masculina aumentou 15%.
Publicado em 06/11/2015 às 7:23
Mulheres negras, jovens e com baixo índice de escolaridade. Este é o perfil da população carcerária feminina da Paraíba, que aumentou 91,8% de janeiro de 2007 a junho de 2014. As informações estão no Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), divulgado ontem pelo Ministério da Justiça, e revela ainda que o Estado tinha, até o ano passado, 520 apenadas.
Com essa população carcerária, a Paraíba é o quarto Estado da região Nordeste com o maior número de mulheres presas. No período listado pela pesquisa, em 2007 eram 271 presas no Estado. Se considerarmos o percentual de crescimento no mesmo período, o aumento de prisão de mulheres, até o primeiro semestre do ano passado, é quase seis vezes maior que o percentual de crescimento dos detentos homens. De 2007 até junho de 2014, o número de homens privados de liberdade na Paraíba passou de 7.833 para 9.076, um aumento de 15,8%.
Do total das mulheres que estavam presas até junho do ano passado, 43% delas ainda não tinham sido julgadas. Durante a apresentação da pesquisa, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou como alarmante o crescimento da população carcerária feminina no país e lembrou que a privação de liberdade só deve ser aplicada quando indispensável. Ele lembrou que a maior parte das mulheres encarceradas ocupa posição considerada coadjuvante no tráfico, fazendo serviços de transporte de drogas e de pequeno comércio.
PERFIL
Das 520 mulheres encarceradas na Paraíba até o primeiro semestre do ano passado, 26% tinham de 18 a 24 anos e o mesmo percentual tinha de 25 a 29 anos, e 83% dessa população carcerária se declarou negra. Para uma das integrantes da Organização Não-Governamental (ONG) Bamidelê, Terlúcia Silva, o ingresso das mulheres na criminalidade, sobretudo as declaradas negras, pode ser apontado pela falta de políticas públicas de combate à violência e de oportunidades.
“A nossa maior crítica é quanto ao sistema penitenciário que não recupera ninguém. Outro problema é a ausência de políticas preventivas de ingresso da população negra na criminalidade e, principalmente, no tráfico de drogas. No caso das mulheres, muitas vezes, elas entram por causa dos companheiros, e aí, já temos o problema do machismo. Essa pesquisa mostra uma realidade que temos e que, infelizmente, não nos surpreende”, lamentou.
A reportagem procurou o secretário de Administração do Sistema Penitenciário do Estado, Wagner Dorta, mas ele não atendeu as ligações. Por sua vez, a assessoria de comunicação da pasta informou que não se pronunciaria sobre o assunto.
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