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COTIDIANO

Operação Medusa envolve cinco autoescolas e prende 15 pessoas

Funcionários do Detran, donos de autoescolas e despachantes são acusados de emitir cerca de 100 mil carteiras de habilitação de forma irregular. Veja autoescolas envolvidas.

Publicado em 05/05/2011 às 10:00

Karoline Zilah
Fotos: Karoline Zilah e João Paulo Medeiros (Jornal da Paraíba)

Quinze pessoas presas, duas armas apreendidas e autoescolas inspecionadas em busca de provas. Este é o balanço da Operação Medusa, deflagrada na manhã desta quinta-feira (5) em Campina Grande e outras quatro cidades do interior da Paraíba.

O objetivo é desarticular um grupo que atua fraudando carteiras de habilitações. Os alvos são funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), proprietários de autoescola e despachantes. Foram expedidos 15 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão.

Psicólogo Severino Nery, preso no Catolé (CG), é levado para o Detran

Entre os presos, há cinco donos de centros de formação de condutores (autoescolas), dois psicólogos (Marcelo Santiago Falconi, preso num apartamento de luxo no Açude Velho, e Severino Nery Pessoa) e uma mulher grávida.

Esta última chegou a ser levada para a sede do Detran em Campina, para onde todos os acusados estão sendo encaminhados, mas acabou sendo transferida para o Hospital da Clipsi, devido ao seu estado de saúde delicado. Ela recebe atendimento médico sob custódia policial.


Acusada presta depoimento (Foto: Secom-PB)

A Corregedoria do Detran e o Ministério Público estimam que 100 mil carteiras de habilitação tenham sido expedidas ilegalmente nos últimos 12 meses. Dentro deste esquema, os documentos eram vendidos por R$ 1,5 mil, o que acumularia um prejuízo de R$ 150 milhões.

Os nomes e as funções de todos os presos no esquema serão divulgados em entrevista coletiva nesta manhã. Cinco autoescolas de Campina Grande estão na mira das investigações e foram inspecionadas pelas equipes policiais no cumprimento de mandados de busca e apreensão.

Confira abaixo:

- VIP Auto-Escola (Índios Cariris-CG)
- Centro de Formação de Condutores Sinal Verde (av. Floriano Peixoto-CG)
- Auto-Escola Santo André (rua Irineu Joffily-CG)
- Auto-Escola São José (José Pinheiro-CG)
- Auto-Escola Bandeirantes (Centro-CG)

A operação foi às ruas nesta manhã com o suporte das Polícias Civil, Rodoviária Federal e Militar. Além de Campina Grande, os mandados são cumpridos em Sousa, Alhandra, Umbuzeiro e Taperoá.

Policiais cumprem mandado de busca e apreensão em autoescola na rua Índios Cariris (CG)

Como funciona o esquema

As investigações começaram há cinco meses e foram conduzidas pelo delegado Wallber Virgolino, corregedor do Detran-PB, em parceria com o Ministério Público Estadual. Neste período, foi detectado que cerca de 40 pessoas atuam na emissão de carteiras nacionais de habilitação (CNH) de forma fraudulenta, beneficiando analfabetos e até para pessoas de outros estados que sequer precisaram vir à Paraíba para se submeter às provas exigidas.

As CNHs estariam sendo comercializadas por, em média, R$ 1,5 mil; sendo assim, os fraudadores podem ter movimentado até R$ 150 milhões. Os servidores do Detran seriam responsáveis por inserir os dados falsos e fornecer os documentos.

Entre os 'clientes' havia pessoas de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e até do Rio de Janeiro. Algumas residentes no bairro de Botafogo, na Capital, e na cidade vizinha Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Para dificultar o rastreamento de irregularidades por parte do Detran e da polícia, os fraudadores forneciam ao Detran endereços de zonas rurais de municípios paraibanos, como Umbuzeiro, Boqueirão, Cabeceiras, Lagoa Seca, Lagoa de Roça e Princesa Isabel.

O Código Brasileiro de Trânsito (CTB) estabelece que, para possuir CNH, é necessário que o interessado seja maior de idade, saiba ler e escrever, tenha Carteira de Identidade e seja aprovado nas provas aplicadas pelo Detran da cidade em que a pessoa resida.


Equipe policial chega ao Detran (CG) com documentos e computadores apreendidos

Imagem

Jornal da Paraíba

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