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VIDA URBANA

Hospitais filantrópicos da PB 'driblam' custos

 Verba do SUS insuficiente para pagamento de despesas faz unidades operarem no vermelho

Publicado em 24/08/2014 às 8:00 | Atualizado em 11/03/2024 às 10:53

Os incentivos do governo federal repassados aos hospitais filantrópicos para a realização dos procedimentos médicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não são condizentes com os valores gastos das instituições, segundo os próprios hospitais. A falta de verba pública compatível e a quantidade insuficiente de doações acabam fazendo com que essas unidades operem com as finanças no vermelho.

O Hospital Napoleão Laureano, localizado no bairro de Jaguaribe, em João Pessoa, por exemplo, precisa fazer 'malabarismos' com os recursos arrecadados de diversas fontes para poder realizar os serviços à população, pois apesar de ser referência no Estado no tratamento de pacientes com câncer, a unidade é filantrópica e carece da colaboração de terceiros para continuar atendendo à demanda. O Laureano é responsável por 73% de todos os tratamentos de câncer da Paraíba, segundo o diretor clínico do hospital, Fernando Antônio de Carvalho.

Ele explicou que o Laureano sobrevive de fontes de arrecadação, sendo a maior delas o repasse feito pelo SUS, que mesmo assim é insuficiente, pois mesmo com o aumento dos incentivos governamentais nos últimos anos, as unidades de saúde ainda não recebem o valor que gastam ao realizar procedimentos. Isso acontece porque os hospitais filantrópicos ganham por produção, mas têm um número limite de serviços pelos quais são remunerados. Se realizam mais procedimentos do que o previsto, podem ficar sem pagamento porque os valores ultrapassam o teto de verbas do gestor público.

“Esse é o maior recurso que temos atualmente, o correspondente a cerca de 90%. Nós também atendemos as redes conveniadas e privadas, que representa um percentual muito pequeno, em torno de 7%. E outro pequeno percentual recebemos de doações, que vem através de uma conta bancária e doações que chegam em forma de alimento, medicamento, mas é um percentual ainda menor. Também temos um convênio com a concessionária de energia elétrica, onde a população faz uma doação na conta de luz. Do valor arrecadado, é descontado o nosso gasto com energia e o restante nos é repassado. O fato é que a instituição está carente de doações”, disse.

Fernando Antônio frisou que as arrecadações também não são suficientes para a demanda do hospital, “que sempre se mantém com déficit mensal, sempre trabalhamos um pouco no vermelho”. “A luta da direção é tentar equilibrar as finanças porque o tratamento oncológico é muito caro, os exames são caros, e muitos deles, o SUS não cobre”, ressaltou.

Apesar das dificuldades financeiras, o Laureano alcança a aprovação da população que utiliza seus serviços, a exemplo da aposentada Helena de Jesus, 67 anos, que mora no município de Itatuba, a 117 quilômetros de João Pessoa, e há um ano foi diagnosticada com melanoma múltiplo (câncer na medula óssea). Desde então, ela se trata no Hospital Napoleão Laureano. “Já fui transplantada e agora faço quimioterapia. Foi graças ao atendimento daqui (hospital) que melhorei mais. Eu estava muito fraca e me acabando em casa, mas depois que vim me tratar no Laureano já estou me recuperando. Toda a equipe, do enfermeiro ao médico, trata os pacientes muito bem”, relatou.

“Esse tratamento significou muito para nós. Somos gratos por todo empenho dos médicos e demais envolvidos na recuperação dela”, acrescentou Marciana Helena, 34 anos, filha de Helena de Jesus.

EQUILÍBRIO
Isso só é possível porque a instituição procura trabalhar com o pouco recurso que recebe, tentando o equilíbrio entre atender bem, economizar os gastos, e sem perder a qualidade, de acordo com o diretor. “Apesar de tantas dificuldades, a maior satisfação do hospital é tratar bem os pacientes, vê-los saindo daqui curados e satisfeitos. Esse é o maior pagamento que nós temos. Nosso hospital atende todas as cidades da Paraíba e municípios de outros Estados, como Pernambuco, Rio Grande Norte, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre outros. Somente no ano passado, os pacientes de João Pessoa somaram 34.155 atendimentos”, observou Fernando Antônio.

Doações
As doações para o Hospital Napoleão Laureano podem ser feitas na conta corrente 25.619-6 e agência 0011-6 do Banco do Brasil, por meio do convênio de número 28527. Para acompanhar o que está sendo realizado com as doações basta acessar a fan page www.facebook.com/HospitalNapoleaoLaureano

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Jornal da Paraíba

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