CULTURA
Jaguaribe Carne volta à ação em show na Capital
Pedro Osmar e Paulo Ró fazem show no Teatro Ednaldo do Egypto e reforçam militância em prol da descentralização cultural
Publicado em 01/09/2011 às 6:25
Tiago Germano
Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, publicada em janeiro deste ano, Pedro Osmar foi enfático: “É preciso assumir a cidade como palco”, afirmava um dos fundadores do Jaguaribe Carne se referindo aos coletivos musicais que têm concentrado sua atuação em locações como o Varadouro, bairro que vem atraindo a atenção do público pessoense para conferir as novidades da música paraibana contemporânea.
A repercussão foi imediata. Artistas e bandas se perguntaram: o que exatamente Pedro Osmar, figura emblemática e de influência inegável naquele círculo, queria dizer com isso? Ao lado de Paulo Ró, seu irmão e parceiro no movimento cultural que promoveu uma reviravolta na música da Paraíba a partir da década de 1970, Pedro Osmar respondeu. Agora não com palavras, mas com atitude.
Em show pelo projeto Noites Sonoras, a dupla se apresenta no Teatro Ednaldo do Egypto hoje, a partir das 20h, ao lado de representantes de uma nova geração musical formada por grupos como o Evoé e o Ubella Preta. Em comum, um vigoroso propósito: a descentralização cultural.
“Esta é uma palavra-chave: descentralização”, diz Pedro Osmar. “Nossa proposta sempre foi a de ocupar a cidade como um todo. O Varadouro é um local de boemia agora. Levar ao Ednaldo do Egypto um projeto como o Noites Sonoras é uma ação fundamental, porque há espaços na cidade que estão à mercê do ostracismo. O Ednaldo Egypto é um teatro subexplorado pelo próprio público de Manaíra”, afirma Pedro Osmar.
Em sua terceira edição, o Noites Sonoras teve sua estreia em março deste ano, com a apresentação da banda Néctar do Groove. Sem periodicidade definida, a programação seguiu adiante em julho, com as participações de Chico Corrêa e Eletronic Band e da americana Haley Kallenberg.
Segundo Gerson Abrantes, um dos produtores à frente da ação, o objetivo do projeto é trazer para o palco do teatro um recorte da música instrumental, experimental e intimista, em sessões com ingressos a preços acessíveis.
“Em nosso repertório procuramos dialogar com os dobrados", conta Paulo Ró, que faz alusão a um gênero musical muito executado por bandas militares. "A improvisação vai se dar a partir desta estética solene. É como se quiséssemos tocar as marchas fora do tom", explica Paulo Ró, sem negar a veia revolucionária do Jaguaribe Carne.
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