Flávia Wenceslau, a paraibana que conquistou a Bahia com seus versos

Versos como “Eu venho lá dos sertões onde a saudade se perdeu / Daquela estrada empoeirada que doeu / Como uma flor que resistiu assim sou eu” cativaram a cantora Maria Bethânia, que encheu de elogios a compositora de ‘Silêncio’, no palco do teatro Pedra do Reino, sábado passado.

A paraibana Flávia Wenceslau, autora da canção que encerra a turnê ‘Abraçar e Agradecer’, é hoje uma das compositoras mais queridas de Bethânia. “Ela é uma compositora fora do comum. É das melhores coisas que eu tenho ouvido dos últimos tempos, de autoria”, declarou a baiana ao JORNAL DA PARAÍBA, em entrevista publicada no sábado passado.

Nascida em Nova Floresta, Flavia cresceu em Campina Grande, onde deu início à carreira de cantora. “Cheguei a cantar até em bandas de forró quando tinha uns 13 anos”, relembra a cantora e compositora, por telefone. “Cantei naqueles bares todos, Vila Antiga, Big Mix...”.

Foi em Campina Grande que ela arriscou suas primeiras composições até que, em 2005, chegou ao disco de estreia, Agora, vencedor do troféu Caymmi na Bahia. Completamente autoral, o disco de arranjos tipicamente nordestinos revelava a força de uma cantora e compositora com uma habilidade ímpar com as palavras. Seguiu-se a Agora mais dois discos: Quase Primavera (2007) e Saia de Retalhos (2011) - os três disponíveis para audição no www.flaviawenceslau.com.br.

“Ela compõe com uma exclusividade, completamente diferente de todo o mundo. (...) São canções com palavras muito fortes, como ‘Silêncio’, mas que têm um pensamento para meu interior que me conforta e me traduz”, disse Bethânia ao JP, afirmando que tem vontade de gravar a paraibana em seu próximo disco.

Desde 2007, a artista mora na Bahia, para onde se mudou com a família depois de morar por um tempo em João Pessoa. Lá, Flavia casou e teve três filhos, construindo um lar em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.

Foi na Bahia que a carreira começou a deslanchar para um outro patamar. Muito antes de Bethânia, que a conheceu através de Chico César, a paraibana frequentou o repertório de Mariene de Castro, uma das melhores cantoras da nova geração baiana.

“Nos tornamos grandes amigas”, confidencia Flávia, que conheceu a baiana através de uma amiga em comum. Mariene percebeu a força da composição de Flávia Wenceslau e não titubiou ao gravar o samba ‘Filha do mar’ já em seu segundo disco, Tabaroinha (2012).

Este ano, Mariene incluiu outra música de Wenceslau em seu cancioneiro: ‘Quero ir com você’, canção que a cantora diz ter composto especialmente para a voz da amiga baiana. Comparada pelo renomado crítico Mauro Ferreira à lavra romântica de Dominguinhos (1941- 2013), a canção da paraibana ganhou até videoclipe na voz de Mariene.

Vivendo exclusivamente de música na Bahia, Flávia Wenceslau é uma usina de composições. “Tenho cerca de 200 músicas inéditas aqui”, avisa, colocando o repertório à disposição de quem quiser gravá-lo.

Com a música ‘Seu eu puder voar’ na coletânea Music From Paraíba (2014), da Funesc, Flávia não vê a hora de voltar à Paraíba, subir ao palco e mostrar o talento que tem. "Nem lembro a última vez que fiz show aí", confidencia.

Enquanto isso, ela batalha a gravação de seu próximo CD e agenda para junho do ano que vem a gravação do primeiro DVD da carreira. “Vai ter uma série de convidados especiais”, anuncia. Uma delas já confirmou, em primeira-mão ao JP, que subirá ao palco da paraibana: Bethânia.