Com o racionamento, famílias tiram lições de economia

A conscientização para a importância de economizar água veio da maneira mais severa, com um rígido racionamento de água nas cidades abastecidas pelo açude de boqueirão. Há quase dois anos, a população de Campina Grande e mais 18 cidades vive essa realidade. Em muitos casos, os moradores tentam encontrar alternativas para amenizar a situação, que vem se tornando cada vez mais difícil. Nesse cenário, o racionamento tem trazido muitas lições, todas voltadas para a economia, que vão desde o reúso da água do banho, até a instalação de sistemas de captação de água da chuva.

Na casa do açougueiro Roberto Alves, 64 anos, a principal maneira para economizar foi com a instalação de um sistema de captação de água da chuva, mas isso não foi pensado só por causa do racionamento, há muito mais tempo seu Roberto percebeu que usando a água da chuva é possível garantir economia e reduzir o valor da conta. O sistema não é tão complexo e foi montado pelo próprio morador. “Antes mesmo de começar o racionamento eu já me preparei e instalei as bicas no telhado porque eu vi que era uma forma captar uma água e economizar a de boqueirão, dessa forma eu também economizo na conta”, disse.

Com a captação, o morador teve que comprar novos reservatórios para armazenar mais água. Inicialmente a família contava com dois tonéis com capacidade de armazenar 275 litros cada, além de uma caixa de 500 litros. Com a chegada do novo modelo de racionamento, foi instalada uma caixa de 1000 litros para que a família não fique desabastecida, os 2 mil litros são suficientes para abastecer a casa por 15 dias. Por causa do medo de ficar sem água, a família teve que adotar novas lições de economia.

“Eu tomo banho dentro de uma bacia e a água que cai nela a gente usa para dar descarga. Tem algum tempo que a gente nem usa mais a máquina, mas quando usamos, a água é reaproveitada também para dar descarga. Quando vamos lavar louça, aparamos a água que cai da pia e também usamos em outras atividades”, relatou Roberto.

Cisterna

A construção de cisternas não é uma prática tão comum em Campina Grande, mas as pessoas que já contavam com esse tipo de reservatório estão passando por um transtorno menor no enfrentamento da crise hídrica. Com uma grande capacidade de armazenamento, esses reservatórios garantem o abastecimento das residências nos dias de racionamento. Para se ter uma ideia, algumas cisternas chegam a acumular 12 mil litros de água.

O aposentado Eliomar Sirino, 80 anos, conta com uma cisterna há mais de 20 anos. Basta algumas horas de chuva forte para que o reservatório fique cheio. Para que a água não seja desperdiçada foram instaladas calhas em todo o telhado da casa. “Aqui nunca faltou água e a de boqueirão eu economizo, por isso eu só gasto 5 m³ e só pago a taxa”, explicou.

Além da cisterna, o aposentado colocou tonéis por todo o quintal da casa. Ao todo são dez reservatórios para o armazenamento de água da chuva. Outras formas de economia são colocadas em prática na casa dele para lidar com esse cenário de incertezas quando o assunto é água em Campina Grande.

Todas essas medidas que foram tomadas por seu Eliomar, Roberto e outros tantos campinenses, são lições deixadas pelo racionamento diante da possibilidade de se imaginarem sem nenhuma gota de água nas torneiras. “Se a água da transposição não chegar, a esperança é Jesus”, concluiu, desacreditado, Eliomar.