VAMOS TRABALHAR
Jornada excessiva prejudica saúde
Longas jornadas de trabalho, exercidas por diversos profissionais, podem prejudicar a saúde e o rendimento.
Publicado em 29/04/2012 às 6:30
Em busca de uma melhor remuneração, profissionais como médicos, enfermeiros, professores e policiais assumem longas jornadas de trabalho, sem avaliar as consequências que isso pode trazer. Quando o expediente se 'estica' demais, os problemas podem ser os mais variados possíveis: desde danos à saúde do profissional à má qualidade da prestação de serviço.
Um trabalhador que excede a própria capacidade física está sujeito a problemas irreversíveis.
Muitas vezes, quem consegue passar em um concurso público também acaba se decepcionando com a carga horária excessiva.
Um claro exemplo disso são os candidatos aprovados para trabalhar em outras cidades ou estados. O deslocamento acaba causando ainda mais desgaste, o que pode refletir diretamente na qualidade da execução das atividades.
Formada há quatro anos, a enfermeira Mayra Melo tem relatos de sobra quando o assunto é jornada de trabalho excessiva. Há três anos, ela faz uma espécie de 'malabarismo' com as horas para cumprir plantões em hospitais diferentes de João Pessoa.
“Trabalho em uma UTI neonatal, na Maternidade Frei Damião e em uma clínica cirúrgica, que é o Hospital Samaritano”, comenta a enfermeira.
Em uma breve conversa ao telefone, Mayra revela que é comum passar dois dias seguidos longe de casa e do filho de cinco anos.
“Geralmente saio do plantão de um hospital e vou direto para o outro”, afirma. Em cada hospital, ela – assim como outros profissionais de enfermagem – só têm duas horas de repouso. “É uma rotina muito desgastante. É preciso uma semana inteira, no mínimo, para conseguir recuperar as energias”, afirma a enfermeira, que já chegou a conciliar quatro empregos.
Na opinião de Mayra, “isso explica o porquê de tantos erros cometidos nos hospitais, pois a coordenação motora é atingida, o organismo precisa descansar e isso não acontece”. Segundo ela, é a busca pela sobrevivência que leva os profissionais a desafiarem os limites do corpo e da mente, colocando em risco sua própria saúde.
Como se não bastasse o expediente 'puxado', esses profissionais também estão expostos aos riscos de infecção dos hospitais, o que agrava a situação. São eles que têm contato direto com os pacientes. Recentemente, Mayra adoeceu após ter sido acometida por uma bactéria. “Fui cuidar de um paciente e acabei prejudicada com a bactéria”, afirma. A imunidade baixa não é surpresa entre os enfermeiros. Contudo, nem sempre eles levam isso a sério.
Outra observação feita por Mayra é a falta de reconhecimento. “O paciente só valoriza os médicos, mas esquece que quem fica ao lado dele o tempo inteiro é o enfermeiro”, diz. Quando soma todos esses fatores, ela revela que já pensou em largar a profissão e procurar outra área. “Já pensei em relações internacionais, que não tem nada a ver com o que faço hoje, mas preciso de qualidade de vida”, comenta.
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