Trauma de JP atende 59 vítimas de choque no 1º semestre

Ao contrário do que muita gente associa, a ocorrência de acidentes com choque elétrico no ambiente doméstico não tem como principais vítimas crianças. Mas sim, os adultos. Pequenos consertos, fiações elétricas mal instaladas ou sem manutenção podem ser listados como os principais facilitadores dos choques, segundo o Corpo de Bombeiros.

Para se ter ideia da recorrência dos acidentes causados pela eletricidade, no primeiro semestre deste ano o Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, atendeu 59 pessoas vítimas de choque elétrico. Deste total, 43 tinham entre 20 e 59 anos. As demais vítimas são crianças e adolescentes (14) e idosos (2).

Do total de pacientes atendidos por choque elétrico no hospital, o grupo com idade entre 25 e 29 anos, e entre 40 e 44, foram os que registraram o maior número de ocorrências, com nove casos em cada um. Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel) revelou que em 2014 vinte pessoas morreram na Paraíba em decorrência de choques elétricos.

A dona de casa Cláudia de Lima, que tem 32 anos, é uma das pessoas que está exposta a esse tipo de acidente doméstico. Na casa onde mora, os riscos iminentes de acidentes estão no teto, que possui infiltrações próximo às instalações das lâmpadas, e nas paredes, onde tomadas e fios estão desgastados e com remendos. Mesmo sabendo dos riscos, a dona de casa confessa que conta com a ajuda de vizinhos quando precisa instalar uma tomada extra. “Às vezes, quero colocar uma lâmpada em outro cômodo ou trocar uma tomada, aí o pessoal sempre ajuda. Sei que é perigoso, mas a gente toma cuidado”, argumentou.

O chefe de fiscalização da Diretoria de Atividades Técnicas do Corpo de Bombeiros, capitão Marcone Osório, explicou que essas situações de 'gambiarras caseiras' estão entre as principais causadoras de curtos-circuitos e também de choques. No primeiro semestre deste ano, a Corporação já atendeu onze chamados com pessoas que se acidentaram com descargas elétricas. Em 2014 foram 18 casos atendidos.

“Geralmente, esse tipo de acidente acontece quando as pessoas não sabem mexer com esse tipo de serviço e acabam se arriscando. Acontece quando se vai fazer um retelhamento da casa e pisa em alguma fiação exposta, instalação de tomadas. São coisas que somente os profissionais especializados devem fazer”, acrescentou.

O engenheiro eletricista da Energisa Claudemir de Araújo lembra ainda que para evitar os acidentes domésticos, além de procurar um profissional especializado para fazer consertos no sistema elétrico do imóvel, as pessoas devem ainda fazer manutenções periódicas. Ele alerta que as tomadas e plugues de eletrodomésticos e instalações de aterramento estão entre os itens que mais sofrem com a falta de manutenção ou manuseio inadequado. “As tomadas de energia e os plugues dos eletrodomésticos merecem maior atenção com relação ao uso e cuidados com a manutenção. O ideal é utilizar tomadas com pino de aterramento, que oferecem maior segurança. Os bocais e interruptores da iluminação não devem conter emendas ou ausência de algum componente (tampa, sobre tampa, parafusos, etc.), o que pode contribuir para choques elétricos e aparecimento de defeitos”, alertou o engenheiro.

É bom prestar atenção

- Fiação ressecada, tomadas e outras estruturas do sistema elétrico degradadas indicam a necessidade de manutenção;
- Extensões e acessórios como benjamins devem ser utilizados com cautela, sob o risco de provocar sobrecarga e superaquecimento nas instalações, causando danos aos aparelhos e nas próprias instalações. Esses tipos de produtos não devem ser utilizados com diversos equipamentos ligados ao mesmo tempo;
- Todas as instalações elétricas, assim como o projeto elétrico de imóveis deve atender às determinações da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Fonte: Santil Comercial Elétrica