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VIDA URBANA

Instituto dos Cegos enfrenta dificuldades

Com as contas no 'vermelho', Instituto dos Cegos de Campina Grande enfrenta diversas dificuldades para oferecer serviços.

Publicado em 31/07/2014 às 6:00 | Atualizado em 04/03/2024 às 16:07

Com mais de 60 anos de funcionamento transformando a vida de milhares de pessoas que possuem deficiência visual, o Instituto dos Cegos de Campina Grande continua enfrentando muitas dificuldades para oferecer os serviços, inclusive com as contas no 'vermelho'. Além das despesas mensais, outro grande desafio é a própria estrutura do local, que não oferece acessibilidade adequada. Um projeto está sendo feito para que o local receba um novo design, mas conforme a diretora do Instituto, Adenize Queiroz, o principal para executar o plano ainda falta: a verba.

No Estado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20% da população paraibana (estimada em 3.914.421 em 2013), possui alguma deficiência visual. Segundo a diretora do Instituto dos Cegos, hoje 123 pessoas estão matriculadas e recebem os serviços no local, mas, apesar de um número fixo de beneficiados, são atendidas cerca de 50 pessoas por dia, que vêm de cidades próximas. "Houve um acréscimo considerável de crianças e adolescentes, que hoje são 40, sem contar com os jovens e adultos, que passam de 80 pessoas e infelizmente os nossos recursos não cobrem as despesas", informou.

De acordo com ela, enquanto que o Instituto consegue arrecadar por mês R$ 11 mil, as despesas variam entre R$ 12 mil e R$ 15 mil, também mensalmente. "Nós arrecadamos com a ajuda dos governos, dos convênios e das doações, mas mesmo assim as contas sempre ficam no vermelho. A nossa maior dificuldade é pagar a folha de pagamentos dos funcionários (oito), então nós vamos dando um jeito de honrar nossos compromissos", disse.

Outra grande dificuldade, que vai ficar cada vez pior, caso não seja resolvida, é a estrutura do instituto, que possui mais de 60 anos e está ficando defasada.

Segundo a diretora, um projeto está sendo elaborado por estudantes do Senai e por uma empresa de informática da cidade, para a reestruturação do local, que necessita urgentemente de acessibilidade. "Para nós é essencial ter acessibilidade, mas o prédio é antigo e não oferece isso.

Tomamos medidas paliativas para proteger os beneficiados, mas precisamos de muitas mudanças. Esse trabalho que está sendo desenvolvido com os estagiários é muito importante para a instituição, mas o principal, que é a verba, ainda não temos e nem sabemos como podemos adquirir", lamentou.

O projeto ainda está se desenvolvendo e, portanto, não existe ainda um investimento real para a reforma do Instituto, mas a diretora ofereceu alguns exemplos do que pode começar a ser mudado no local. Algumas são mudanças simples, como a fixação de placas nas portas das salas, com letras em braille, para que os estudantes identifiquem as salas que querem encontrar. Outro ponto é a mudança do piso, que em alguns espaços continua o mesmo da sua construção e que está irregular. As escadas também precisam da instalação de um equipamento para a proteção das crianças e a biblioteca de uma impressora com tinta em braille, para a impressão dos trabalhos do instituto.

"São muitas mudanças, mas aos poucos vamos conseguindo transformar o local", disse Adenize, que também faz parte da história do Instituto desde os seis anos de idade, quando foi alfabetizada pelo método braille, no local. Ela é prova viva de que não há limites para quem possui deficiência, já que hoje é mestre em Educação. “O método braille dá autonomia e independência às pessoas com deficiência visual e é isso que nós estamos querendo mostrar, que a ausência da visão não é uma barreira. Quando a criança ou jovem aprende o método, ele pode ser incluído em
qualquer nível de ensino e no mercado de trabalho”, contou.

No local, são realizadas várias atividades, como educação infantil, apoio pedagógico para Ensino Fundamental, informática adaptada, desporto adaptado, musicalização, assistência social, aulas em braille, e ainda alimentação. As crianças, adolescentes e adultos recebem serviços de aprendizagem que vão desde a alfabetização até a chegada à universidade, através dos cursinhos pré-vestibulares. Conforme a diretora, a escola continua aberta a qualquer pessoa com deficiência visual que precise de auxílio.

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Jornal da Paraíba

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