VIDA URBANA
Bairros mais distantes de JP sofrem com frota de ônibus insuficiente
Passageiros passam até 40 minutos esperando um ônibus. As viagens duram mais de uma hora em os ônibus estão sempre lotados.
Publicado em 30/01/2011 às 8:58
Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba
A professora Michelle Trajano mora no bairro de Mangabeira e trabalha em uma escola em Gramame, do outro lado de João Pessoa. Para chegar às 7h no trabalho, ela acorda às 4h30 e sai de casa às 5h. “De Mangabeira, vou para o Terminal de Integração onde espero por mais de 40 minutos o ônibus que passa em Gramame”, explica. O trajeto é longo e cansativo: mais de uma hora num ônibus lotado. A rotina da professora Michelle é comum à de milhares de pessoenses, que sofrem diariamente por dependerem do transporte coletivo.
Em alguns bairros como Cruz das Armas, Mangabeira, Bancários e Cabo Branco, apesar de algumas reclamações, a população pode se considerar bem assistida. Em outros mais afastados, como Gramame, Valentina, Nova Mangabeira, Portal do Sol e Colinas do Sul, a situação é crítica e merece mais atenção das autoridades de trânsito. A dona de casa Lucimar de França que o diga: todos os dias ela precisa se deslocar de Mituaçu a Gramame e passa mais de uma hora esperando a chegada do ônibus.
Segundo a população do bairro de Gramame, apenas uma linha opera na localidade, que tem a maioria das ruas sem calçamento. “O ônibus está em péssimas condições...quebra constantemente e tem insetos. É um absurdo a qualidade do serviço em relação ao preço da passagem”, opina a dona de casa. Mas, diferentemente dos demais passageiros, ela reclama pouco. “Eu nem ligo mais, já estou acostumada. Esse lado da cidade é abandonado, essa é a verdade”, desabafa.
No Colinas do Sul, a situação é a mesma. A dona de casa Lindalva Oliveira já perdeu um exame marcado no Centro de João Pessoa, devido à demora do ônibus. A população do conjunto reclama das poucas linhas e exercita a paciência para esperar durante 40 a 50 minutos pelo ônibus. Não é difícil encontrar algum morador que desistiu de sair após passar quase uma hora na parada do coletivo.
O vendedor Orlando Tavares diz que como se não bastasse a demora na chegada, os coletivos chegam lotados. “Tem gente que vai pendurado na porta, é um absurdo”, revela. Ele conta que uma vez passou mais de duas horas esperando o coletivo.
“Durante a semana é horrível, e nos sábados, domingos e feriados, a situação é ainda mais complicada. Quem precisar sair de casa tem que ‘madrugar’ no ponto de ônibus”, explica.
A população de Colinas do Sul conta apenas com duas linhas, feitas pela empresa Santa Maria: 116 e 113. A primeira, segundo a Superintendência de Transportes e Trânsito (STTrans), faz 50 viagens nos dias úteis, 40 aos sábados e 30 aos domingos. A frota tem cinco ônibus nos dias úteis, quatro nos sábados e três nos domingos. Para a população, o número é insuficiente e como as linhas passam por outros bairros, muitos passageiros viajam em pé.
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