VIDA URBANA
Boninas: patrimônio e reduto boêmio em Campina Grande
Local guarda a memória do desenvolvimento comercial da Rainha da Borborema e muitas histórias curiosas.
Publicado em 04/08/2014 às 12:00
Localizado no coração de Campina Grande, o Largo das Boninas, no cruzamento entre as ruas Félix Araújo e Theodósio de Oliveira Lêdo, é ponto de encontro de amigos de longa data e centro comercial e gastronômico. Considerado parte do conjunto arquitetônico histórico da cidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep), o local guarda a memória do desenvolvimento comercial da Rainha da Borborema, além de histórias curiosas que vale a pena conhecer.
Um exemplo dessa arquitetura preservada e que é símbolo cultural do município é o bar Ferro de Engomar, que ganhou o nome por causa do formato que lembra o utensílio e se transformou no mais tradicional reduto da boemia de Campina. Lá tem samba e movimento todos os dias. O compromisso do grupo que se reúne no lugar é religioso. São mais de 150 associados, todos com direito a foto na parede e homenagens, inclusive em memória. De tão organizada, a “Diretoria”, como eles se definem, já montou até bloco de carnaval, o 'Ferro Folia', que circula há seis anos durante os festejos de Momo.
Quem conta as boas histórias são os próprios frequentadores, senhores entre 40 e mais de 70 anos, que revelam marcar ponto no lugar. “Todo final de semana não. Todo dia. É sagrado”, diz o funcionário público Leonardo Gonçalves, 59 anos. “Aqui encontramos os amigos, cantamos nosso samba, vivemos a alegria da vida”, diz. Para o aposentado Natanael Alves de Sousa, 72 anos, o batente também é diário. “Há vários anos isso aqui é nosso ponto de encontro. Muitos já morreram, outros estão quase lá (risos), mas enquanto isso quem fica segue, firme e forte”, comenta.
Era ainda manhã de uma sexta-feira útil quando a equipe de reportagem do JORNAL DA PARAÍBA esteve no reduto, mas a freguesia não parava de aumentar, assim como os relatos divertidos. A alegria dos clientes assíduos é o ganha-pão, há quase 50 anos, da família de Glória de Lourdes, 59 anos. “Todo dia é assim mesmo, esse movimento. O Ferro está com a nossa família tem quase 50 anos. Não lembro a data direito, mas foi em 1964, quando meu sogro adquiriu do antigo dono.
Começamos como mercearia e depois passamos a atender como bar e restaurante, mas ainda mantemos a pequena mercearia”, enfatiza. O Largo preserva ainda uma casa de sinucas, lotada diariamente e vários restaurantes que servem a quem trabalha no setor.
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