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CULTURA

Livros de colorir conquistam o público e disputam espaço nas livrarias

Alguns autores acham erro colocar livros de colorir junto à literatura nas livrarias.

Publicado em 20/05/2015 às 6:00 | Atualizado em 09/02/2024 às 17:02

Um livro com ilustrações em preto e branco e lápis para colorir. Para alguns - principalmente, mulheres -, esta é uma ótima atividade para se desligar dos estresses do mundo ao redor.

Publicações interativas como O Jardim Secreto e Floresta Encantada, ambos de Johanna Basford, estão cada vez mais ganhando espaço nas livrarias brasileiras.

O fenômeno é tão grande que, segundo o coordenador da Livraria Leitura de João Pessoa, Eduardo Augusto, editoras como a Planeta e a Record estão lançando o material.

“Vendemos, em média, 50 livros por dia. No fim de semana chegamos a vender 100 exemplares”, conta Eduardo acrescentando que o público feminino é o que mais compra. “Algumas mulheres dizem que estão comprando para os filhos”, revela.

Algumas compradoras alegam que a paixão por desenho e pintura já vêm da infância. Segundo a administradora Tatiana Ceschin, é prazeroso dar “vida” a um desenho antes sem cor.

“Além de ser uma viciada em lápis de cor e canetinhas, os temas dos livros me chamaram atenção”, comenta.

Se por um lado alguns usam o livro para relaxar, há quem critique as publicações mais elaboradas, que incitam a busca pela perfeição. Isso acaba fazendo da tarefa de colorir, um verdadeiro tormento.

“Esses livros mais elaborados, pra quem é mais objetivo, são ruins. Tem tanta coisa em um único desenho que você colore achando que está ficando lindo e, de repente, coloca um tom de vermelho errado que estraga tudo”, conta a psicóloga Talita Queiroga.

O fenômeno virou moda. Isso colaborou para o acréscimo das vendas de lápis de cor e de material de pintura, inclusive dos considerados para uso profissional. Já é possível achar tutorial nas redes sociais de como combinar as cores.

Para a escritora Maria Valéria Rezende, não há mal nenhum em adultos curtirem colorir desenhos “pré-fabricados”, pois essas obras divertem e acalmam. Segundo ela, o erro está em categorizar as publicações como “livro” e colocá-los na “mesma lista que a literatura e os verdadeiros livros de conteúdo” ocupam.

Ela afirma que editoras estão priorizando cada vez mais “esse tipo de caderno de exercício”, e deixando de lado a verdadeira literatura. “A confusão pode ser fatal para as chances de publicação e divulgação da excelente literatura que se escreve em todos os cantos do país”.

ZUMBIS COLORIDOS
Entrando na moda dos livros para colorir, o quadrinista paraibano Juscelino Neco se prepara para lançar, em junho, pela editora Veneta, o Zumbis Para Colorir. “A obra segue um pouco a estrutura desses livros, só que com zumbis", explica.

"Coloco-os em várias situações, como jogador de basquete ou astro de rock. O livro também traz figuras avulsas para colorir”.

Ao falar sua opinião sobre o fenômeno, ele acredita que isso se deve ao fato das pessoas terem perdido muito o contato com o analógico. “A chance de fazer as coisas de maneira artesanal explica um pouco porque os livros entraram na moda”.

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Jornal da Paraíba

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