VIDA URBANA
Sem água, escolas de mais de 20 cidades encurtam calendário
Período de férias foi antecipado porque as escolas não têm água para as atividades diárias. Merenda foi alterada, com preferência a alimentos industrializados.
Publicado em 04/11/2015 às 7:29
A falta de água em grande parte das cidades paraibanas está fazendo com que algumas prefeituras tomem medidas drásticas. Em 22 municípios do Estado as secretarias de Educação decidiram mudar o calendário escolar e antecipar o período de férias dos alunos para o final novembro ou início de dezembro, porque existe dificuldade de abastecimento de água em algumas escolas. Ao menos 40 mil estudantes foram atingidos por essas medidas.
O levantamento é da Associação dos Professores de Licenciatura Plena da Paraíba (APLP), que aponta prejuízos tanto para professores quanto para estudantes, pois não haverá tempo para repassar alguns conteúdos aos alunos.
De acordo com o vice-presidente da APLP, professor Odenilson Medeiros, essa é uma situação inevitável devido à realidade de estiagem vivida nestes municípios. “A programação curricular não vai ser totalmente cumprida e naturalmente vai afetar o aprendizado do aluno”, disse.
Em Sousa, localizada no Alto Sertão paraibano, as aulas serão encerradas já no final de novembro. A cidade enfrenta uma situação de colapso no abastecimento de água, pois o açude de São Gonçalo, que socorria o município, está praticamente seco. O cardápio também sofreu alteração e alimentos que necessitavam de muita água para serem preparados foram substituídos por outros industrializados, que já vêm preparados de fábrica. “A água tem sido insuficiente para as demandas da escola, por isso temos passado muitas dificuldades”, disse a professora Gerlany Batista dos Santos.
Também haverá antecipação das férias nos municípios de Soledade, Sumé, Olivedos, Nova Palmeira, Pombal, Catingueira, São Mamede, Santa Terezinha, Barra de Santana, Cabaceiras, Boqueirão, Monteiro, Juazeirinho, São Vicente do Seridó, Frei Martinho, Pedra Lavrada, Pocinhos, Santa Luzia, Livramento, Serra Branca e Boa Vista.
Para o presidente da Famup, Tota Guedes, a antecipação pode acontecer, mas essas prefeituras devem respeitar o que orienta o Ministério da Educação, que é executar os 200 dias letivos. Ele acredita que a crise financeira também esteja influenciando na decisão desses municípios. “Essa medida vai diminuir os gastos com merenda escolar, transporte e energia. O valor economizado poderá ser usado inclusive para pagar o décimo terceiro dos professores”, disse.
A crise hídrica já se alastra por 75% do território paraibano, onde 138 municípios enfrentam problemas com falta de água e a maioria deles tem parte da população, aproximadamente 2 milhões de pessoas, abastecidas por carro-pipa. A dificuldade de se encontrar água também é grande, pois dos 124 reservatórios monitorados pela Aesa, 46 deles estão em situação crítica, com menos de 5% da capacidade.
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