Índice de mortes por tuberculose aumenta na Paraíba e chega a 8%

Natália Xavier, do Jornal da Paraíba

Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) revelam que entre janeiro e agosto deste ano 602 novos casos de tuberculose foram diagnosticados na Paraíba e 23 pessoas morreram por complicações da doença, isto representa 8% de letalidade se feita a relação com os casos descobertos neste ano. Durante todo o ano passado, teriam sido registrados 1.069 casos novos e 24 óbitos (2,2% do total). Entre as principais causas de morte por tuberculose está o abandono de tratamento, que dificulta a cura da doença e faz com que o bacilo causador da tuberculose fique mais resistente aos medicamentos.

Por outro lado, mesmo com o aumento do percentual de mortes, segundo a chefe do Núcleo de Doenças Endêmicas da SES, Dinalva Soares Lima, o percentual de abandono vem caindo no Estado. Conforme Dinalva, enquanto que em 2009, 55 pessoas abandonaram o tratamento, neste ano, apenas quatro pessoas não teriam concluído os seis meses de tratamento regular.

O pneumologista Beltrão Castello Branco destaca que com o abandono do tratamento regular, o bacilo pode se tornar resistente aos medicamentos e será preciso realizar um tratamento de 18 meses. “O abandono cria uma gama de pacientes com tuberculose multidrogas resistente e a cura depois fica muito mais difícil. O problema é também que o paciente que desenvolve esta forma da doença já transmite para as outras pessoas o bacilo resistente”, frisou.

Entre as principais causas de abandono verificadas no Hospital Clementino Fraga, referência no atendimento de pessoas com tuberculose, estão o alcoolismo, a falta de interesse no tratamento e a própria questão social, pois a tuberculose é uma doença que na maioria das vezes atinge pessoas mais carentes, pela própria condição de vida que elas levam. “Muitas vezes a pessoa abandona o tratamento na metade porque os sintomas desaparecem, ela volta a ter uma vida normal e acha que já está curada”, afirmou. “A tuberculose é curável em 100% dos casos desde que o paciente faça o tratamento regular e não tenha o bacilo multidrogas resistente”, acrescentou.