CULTURA
Adeus ao 'Reiginaldo' Rossi
Rei do Brega morreu nesta sexta-feira (20); Reginaldo estava internado desde 27 de novembro e lutava contra um câncer.
Publicado em 21/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 12/05/2023 às 14:36
“No bar, todo mundo é igual”. Ele foi o porta-voz das bebedeiras e dores de cotovelo de muitos pelo Brasil a fora. Reginaldo Rossi – nomeado pelos súditos de copo como o ‘Rei do Brega’ – morreu vítima de um câncer de pulmão na manhã de ontem, aos 69 anos, no Recife.
O artista pernambucano estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São José, onde estava em tratamento desde o dia 27 de novembro.
De acordo com informações do G1, durante o tempo em que ficou internado, Rossi foi submetido a uma cirurgia para retirada de um nódulo na axila direita. A biópsia confirmou o diagnóstico de câncer. O cantor e compositor também passou por um procedimento denominado toracocentese, em que consiste em drenar líquido acumulado entre a pleura e o pulmão.
Irreverente e popular, Reginaldo Rossi ganhou o título de ‘Rei do Brega’ em virtude de sucessos que giravam em torno de amor e traição, a exemplo do seu maior clássico de boteco, ‘Garçom’, do qual a maioria esmagadora do Brasil sabe ao menos um trecho da letra.
“Rei é uma coisa bem brasileira, mas o ‘rei’ dele veio também de um trocadilho com o nome ‘Reiginaldo’ Rossi, que surgiu quando foi lançado o tributo Rei (Sony) a outra majestade, o cantor Roberto Carlos”, conta o renomado crítico de música de Pernambuco, José Teles. “Aqui no Recife, Zé da Flauta produziu um disco chamado Reiginaldo Rossi e ele apresentou um programa de grande audiência na TVPE chamado Reginaldo Rei”, acrescenta.
José Teles conta que o conterrâneo não gostava de ser tachado de brega. “Na verdade, ele se considerava um cantor sem rótulos. Demorou pra assumir o rótulo de brega. Ele assumiu mesmo no fim. Tanto que o último disco foi o Cabaret do Rossi (2010), um trabalho conceitual, afinal brega é sinônimo de cabaré pelo Nordeste. Música brega era música de cabaré”, conclui.
O próprio cantor chegou a afirmar que não se incomodava mais com a sua coroação: “Minhas canções são tão românticas quanto as de Roberto Carlos ou Marisa Monte. Esse título foi dado por alguns jornalistas idiotas”.
Para Reginaldo Rossi, até certos rapazes de Liverpool se juntavam à turma. “Beatles é quadradão, é brega total!”, chegou a sentenciar.
DESPEDIDA NA PB
O autor de hits como ‘A raposa e as uvas’, ‘Leviana’ e ‘Recife minha cidade’ nasceu na capital pernambucana em 14 de fevereiro de 1944.
Com o nome de Reginaldo Rodrigues dos Santos na pia batismal, ele começou a carreira nos anos 1960, na esteira da Jovem Guarda. Chegou a cursar Engenharia Civil e a lecionar matemática, mas trocou a sala de aula pelos palcos comandando o grupo de rock The Silver Jets.
Em 1970 lançou o disco À Procura de Você (CBS), afastando a pegada de roqueiro e se aproximando do repertório que o transformou em um ícone.
No mês passado, Rossi chegou a fazer dois shows no Recife, dias 21 e 22, no Manhattan Café Teatro. No dia 23 de novembro realizou sua derradeira apresentação e ela foi em João Pessoa, no Chopp Time.
“Aparentemente ele estava bem”, conta o empresário Diego Tavares, dono do Chopp Time. “Fez um show que surpreendeu todo mundo. Cantou músicas dos anos 1960 até os tempos atuais. Cantou desde o reggae de Bob Marley até o ‘piradinha’ (sucesso do sertanejo Gabriel Valim)”.
Segundo Tavares, Reginaldo Rossi iria fazer mais um show no Manhattan Café, deixando a Paraíba ser o palco de sua despedida.
DEZ CLÁSSICOS ETERNOS DO 'REI DO BREGA'
1. ‘Garçom’ (Reginaldo Rossi);
2. ‘A raposa e as uvas’ (Rossi);
3. ‘As quatro estações’ (Rossi);
4. ‘Se meu amor não chegar’ (Lindolfo Barbosa e Wilson Nascimento);
5. 'Em plena lua-de-mel’ (Clayton e Cleide);
6. ‘Saí da tua vida’ (Chico Roque e Carlos Colla);
7. ‘Amor, amor, amor’ (Rossi);
8. ‘Teu olhar, teu andar’ (Rossi);
9. ‘Mon amour, meu bem, ma famme’ (Cleide);
10. ‘Vou botar pra quebrar’ (Rossi)
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