VIDA URBANA
Distância dificulta tratamento de paciente do interior
Sem hospital, doentes têm dificuldade de locomoção para JP e CG e abandonam tratamento.
Publicado em 08/04/2012 às 7:45
A falta de hospitais de referência para tratamento de doenças como Aids, hepatite, hanseníase e tuberculose, em cidades do interior da Paraíba, e a dificuldade de locomoção até João Pessoa ou Campina Grande são fatores que contribuem para o abandono do tratamento pelos portadores de patologias. A missão da Secretaria Estadual de Saúde (SES) é reverter essa situação, que começa a preocupar.
A chefe do núcleo de doenças endêmicas da SES, Mauricélia Holmes, disse que o índice de abandono no tratamento da tuberculose é de 7,8%, enquanto o Ministério da Saúde considera aceitável o percentual máximo de 5%. “A falta de acompanhamento por parte das Unidades de Saúde da Família (USFs) é um grande problema para o enfrentamento da doença.
Quando o paciente é usuário de drogas ou dependente de álcool, o abandono é ainda mais frequente”, afirmou.
De acordo com Mauricélia, muitos pacientes abandonam o tratamento quando começam a recuperar o peso, dois meses após o início do acompanhamento. “Geralmente o paciente pensa que já está curado e para o medicamento por conta própria, o que é um engano”, frisou. O tratamento para tuberculose demora em média seis meses, podendo se prolongar em algumas situações. As ações prioritárias estão voltadas para os municípios de João Pessoa (401 casos), Campina Grande (141) e Bayeux (76). Os números são referentes ao ano passado.
O Hospital Clementino Fraga, na capital, é a única unidade de referência para a tuberculose na Paraíba. “É importante informar que as USFs estão habilitadas a diagnosticar a doença, e nem todos os casos precisam vir para o Clementino”, comentou Mauricélia. Apenas pacientes com tuberculose com estágio avançado necessitam de atendimento em João Pessoa. O índice de óbitos da doença é de 3%.
Portadores de hanseníase também precisam se deslocar para a capital para realizar o tratamento. No ano passado, segundo a SES, foram diagnosticados 648 novos casos da doença na Paraíba. Os municípios de João Pessoa (119), Campina Grande (95) e Santa Rita (59) são os prioritários, pela maior incidência da hanseníase. “A falta de hospitais de referência em outras cidades acaba sobrecarregando o Clementino Fraga”, afirmou Mauricélia.
O problema da hanseníase é maior dependendo do grau de incapacidade física. “É muito importante introduzir o tratamento para conter a doença”, frisou. Dos casos diagnosticados no ano passado, 82% dos pacientes foram avaliados quanto ao grau de incapacidade e desses, 9,9% apresentaram grau 2, que representa diagnóstico tardio. “Mas vale lembrar que nem todos os portadores da doença precisam de internação”, declarou. A pessoa com hanseníase tem direito a assistência, reabilitação e seguimento do caso, até receber alta.
Para ampliar ações contra hanseníase na Paraíba, o Ministério da Saúde liberou R$ 270 mil para os municípios de Campina Grande (R$ 60 mil), Cajazeiras (R$ 60 mil) e João Pessoa (R$ 150 mil) em janeiro deste ano. A Paraíba possui um coeficiente de detecção de 17,15 por 100 mil habitantes.
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