VIDA URBANA
CG conta com número de leitos insuficientes para outros municípios
Quantidade é suficiente para atender apenas a população local. No entanto, município é polo para mais de 180 municípios
Publicado em 25/01/2015 às 8:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:15
O número de leitos hospitalares de Campina Grande sofreu um pequeno aumento entre 2012 e 2014, segundo os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, que é vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao longo desses dois anos foram criados apenas 53 novos locais de internação, levando em consideração os setores Cirúrgico, Clínico, Obstétrico, Pediatria, Psiquiatra e Hospitalar, além da rede complementar que agrega as Unidades de Terapia Intensiva (UTI). A quantidade de leitos era de 1.975, passando para 2.028 no final do ano passado, um aumento de apenas 2,6% em um município que é polo para o atendimento em saúde para mais de 180 cidades da Paraíba.
Se a rede hospitalar de Campina Grande atendesse apenas a população do município, o número de leitos seria necessário. É o que aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS) que sugere 2,5 leitos para cada mil habitantes. Segundo essa indicação, o município precisaria de 1.005 locais de internação dos 2.028 disponíveis. Contudo, como os atendimentos na cidade superam os acordados pela lei de pactuação de 2010 dos serviços da saúde, o cenário de hospitais sempre lotados e filas de espera para atendimento confirma a necessidade de aumentar a quantidade de leitos.
É o que apontou a secretária municipal de Saúde, Luzia Pinto, que listou os hospitais em funcionamento na cidade que poderiam prestar melhores serviços caso o número de atendimentos respeitasse a lei de pactuação entre as cidades conveniadas.
Segundo ela, foram criadas algumas alternativas como a municipalização de dois hospitais, mas como o número de assistência médica é sempre maior do que a capacidade da rede, essa não é uma situação tão fácil de encontrar uma solução rapidamente.
“Campina Grande tem o Hospital de Emergência e Trauma, Hospital Antônio Targino, Hospital Geral da Clipsi, João XXIII, Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), Hospital da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), Hospital da Criança, Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (Isea), Hospital Dr. Maia, além do Hospital Pedro I e Dr. Edgley que foram municipalizados pela prefeitura. Como esses locais agrupam todas as especialidades médicas, o número de leitos acaba sendo insuficiente porque nós atendemos mais do que podemos”, disse.
A secretária ainda confirmou que por conta da ausência de um sistema de regulação de atendimentos, muitos pacientes acabam fazendo uma peregrinação nos hospitais à procura de atendimento. “Se conseguirmos implantar o complexo regulador de atendimento, ficará mais fácil a população saber onde poderá encontrar o serviço que precisa. Muitas pessoas procuram primeiro o Hospital de Trauma para qualquer tipo de atendimento, e em muitos casos elas poderiam ser atendidas em outros locais, por isso há esse problema do hospital estar sempre lotado por faltar um sistema que regule o atendimento em saúde”, acrescentou Luzia Pinto.
Quem passou por essa situação foi o aposentado Nilson Sebastião da Silva, 76 anos, morador de Riachão do Bacamarte, que após ser diagnosticado com uma infecção na perna procurou logo o Hospital de Trauma de Campina Grande. Sem leito disponível no local, ele ainda passou pelo Pedro I, que também lotado não teve condições de receber o paciente. Por fim, foi transferido para o Hospital Dr Edgley, onde ficou internado em tratamento. “Só encontrei vaga depois de passar em dois hospitais que estavam sem leito disponível. Foi difícil, mas quando vim para o Dr. Edgley o atendimento foi muito bom”, disse.
Rede será ampliada este ano
Para ampliar a rede de atendimento no município, até o final do primeiro semestre desse ano devem ser criados 31 novos leitos, sendo 21 disponíveis para a rede de Saúde Mental e mais dez no Isea. Segundo a secretária de Saúde, a solicitação desses novos locais já está no Ministério da Saúde que em breve deve liberar a abertura dos novos locais. “Os 21 leitos para a Saúde Mental serão instalados no Dr. Edgley e os dez do Isea são os leitos da UTI materna que já está pronta e só aguardando o Ministério da Saúde determinar quando poderemos atender a população”, acrescentou Luzia Pinto.
Acerca dos dois hospitais que foram municipalizados pela Prefeitura de Campina Grande, o Pedro I e o Dr. Edgley, a secretária afirmou que o primeiro foi viabilizado para funcionar como retaguarda para o Hospital de Trauma, principalmente no que diz respeito às cirurgias de menor complexidade. Segundo a secretária, 70 leitos da unidade estão ocupados por pacientes do Trauma, situação semelhante da unidade de terapia intensiva. Segundo registro da Secretaria na última quinta-feira, dos 12 leitos da UTI da unidade, 11 estavam ocupados por pacientes transferidos do Trauma.
“Essa é uma realidade recorrente, uma vez que a principal demanda é de pacientes do maior hospital da cidade, o que faz com que as pessoas que são atendidas desde o início no Pedro I sejam em menor número. Como também pretendemos aumentar o número de leitos no Hospital Dr. Edgley, será possível amenizar esses problemas. Também temos que rediscutir a lei de pactuação de 2010 para que o número de atendimentos seja mais próximo ao de pacientes que procuram o serviço”, finalizou.
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