VIDA URBANA
Dia Mundial da Água lembra o desafio de resolver a crise hídrica
Água do Velho Chico chega num volume baixo e 16 açudes estão zerados.
Publicado em 22/03/2017 às 19:00
Mesmo com a chegada da transposição do Rio São Francisco, a crise hídrica que afeta quase 90% dos municípios paraibanos parece longe de ter uma solução. No Dia Mundial da Água, celebrado nesta quarta-feira (22), o Estado se vê diante de um grande desafio. Dos 127 reservatórios da Paraíba, 16 estão zerados e 196 das 223 cidades se encontram em situação de emergência. Enquanto isso, a água do Velho Chico vem num volume muito abaixo do esperado.
Monitorados diariamente pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), os açudes estão, em grande parte, com um volume abaixo de 5% da capacidade total. O presidente do órgão, João Fernandes, reconhece que a água tem chegado numa quantidade insuficiente para suprir a demanda da região, mas destaca que a obra está em fase de teste.
"Nós esperávamos receber 9 mil litros por segundo [da transposição]. No primeiro dia, chegaram 4,5 mil litros. Mas, depois, diminuíram para 2,2 por causa de um problema com a bomba na estação de Campos, em Pernambuco. Eles [do Ministério da Integração] prometeram voltar a 4,5 nesta quarta. Meus técnicos já estão em Monteiro para medir o nível dos açudes, porque, se essa vazão não aumentar, vai atrapalhar o cronograma", afirma, sem saber exatamente em quanto tempo pode atrasar.
Eixo Norte
Além das cidades do Eixo Leste da transposição, faltam os municípios do Eixo Norte: São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras, que devem abastecer boa parte do Sertão paraibano. A previsão é que o trecho seja inaugurado no segundo semestre. Enquanto essa água não vem, o presidente da Aesa diz que deve manter a gestão para economizar e evitar um colapso.
"Tem chovido pouco, mas tem chovido. [O açude de] Coremas, que chegou ao volume morto, está se recuperando. Mas não vamos mexer ainda. O desafio é continuar a gestão. Quando precisa de racionamento, fazemos, para que haja uma garantia de uso para as pessoas", defende.
Ainda de acordo com Fernandes, além do controle sobre a liberação de recursos hídricos, o poder público deve fazer ajustes no sistema para melhorar a integração entre os reservatórios, à medida que cresce o nível dos açudes. "O governo do Estado está com um projeto para levar a água de Coremas, por uma adutora, até Pombal, que atinge quase 20 municípios", ressalta.
Outro desafio é recompor as matas ciliares e combater o desperdício
Vegetação e desperdício
Outro desafio que se impõe no meio desse processo é a conservação do bioma da Caatinga e das matas ciliares, que ficam na beiro dos rios e garantem a renovação do ciclo hidrológico. Segundo o gestor, há um projeto para recompor a vegetação a longo prazo.
"O governo está fazendo um plano para a bacia hidrográfica do Rio Paraíba. E é um plano integral, que diz respeito não apenas a mata ciliar. Tem que recuperar as nascentes e reflorestar boa parte do Semi-Árido", garante, mas diz não saber quando esse projeto deve ficar pronto.
Além da questão das matas, o gestor afirma que vai investir na educação para combater o desperdício. "O uso doméstico tem que ser eficiente, assim como os usos industrial e agrícola. Não adianta você colocar 100 litros no pé de uma planta e a planta só aproveitar 10. Por isso, vamos medir o consumo de cada casa para saber quem está consumindo bem e quem está consumindo mal", reitera.
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