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VIDA URBANA

Crescimento dos casos de obesidade populariza as reduções de estômago

Segundo o médico, 44% da população de João Pessoa, em 2007, estava com sobrepeso ou era obesa, conforme informações do Ministério da Saúde (MS).

Publicado em 08/11/2009 às 10:17

Jacqueline Santos
Do Jornal da Paraíba

Quando chegou no consultório do cirurgião, a vendedora Elis Gomes ouviu um sonoro não ao solicitar a operação para redução do estômago. “Você é muito nova. Feche a boca e vá fazer exercícios físicos para perder peso. Foi o que me disse o médico”, lembrou. Após muita insistência, ela conseguiu convencê-lo de que já havia tentado muitas dietas, reeducação alimentar e uma jornada intensa de atividades físicas para se livrar das gorduras em excesso ao longo dos vários anos que convive com a obesidade.

Embora pareça que a cirurgia bariátrica esteja se tornando comum até mesmo para pessoas que não estão tão gordinhas assim, o médico Luis Antônio Fonseca, especialista em cirurgia do aparelho digestivo, assegura que o procedimento é autorizado apenas para aquelas consideradas obesas mórbidas. Os olhos da população estão meio atrapalhados. O que para muita gente pode ser um gordinho, clinicamente é tido como obeso mórbido. Acredito que as pessoas estão se acostumando com essa situação e se acomodando. Acham que somente os muito gordos precisam da cirurgia, mas não é assim”, explica.

Segundo o médico, por mais assustador que seja, 44% da população de João Pessoa, em 2007, estava com sobrepeso ou era obesa, conforme informações do Ministério da Saúde (MS). Isso quer dizer que a capital paraibana é a 10ª no país com o maior número de obesos. Somente depois de várias tentativas de diminuição de peso, através de intervenção médica, a partir de dietas, exercícios físicos e até medicamentos, os pacientes recebem indicação cirúrgica. Não é tão simples, já que a operação para reduzir o tamanho do estômago é 100 vezes mais complicada do que cirurgias como histerectomia (da área ginecológica para a retirada do útero), por exemplo.

Mesmo assim, há casos em que não existe outra alternativa. Quando o Índice de Massa Corporal (IMC) – cálculo feito tomando como base o peso de uma pessoa em relação à sua altura – for superior a 40 ou se ela se caracteriza como obesa severa, ou seja, com IMC entre 35 e 40, mas está propensa a desenvolver doenças como hipertensão, diabetes e apneia do sono, o médico vai, sim, orientá-la a fazer a cirurgia. “Não é tão difícil convencer de que ela precisa do tratamento. A maioria chega decidida, querendo se operar, visto que os outros meios para emagrecer não surtiram efeito”, disse Fonseca.

Foi assim que aconteceu com Elis Gomes, de 30 anos. O descontrole na balança foi agravado após o nascimento da filha, há quase dois anos. Desde os 16 anos de idade, ela sentia dificuldades para conter a vontade de comer e foi ganhando peso, as roupas tiveram que ser substituídas por tamanhos maiores, os afazeres diários ficaram mais difíceis e ela viu que o jeito era recorrer ao bisturi. Um dia, decidiu sair do emprego, onde trabalhava como vendedora em uma loja de eletrodomésticos, para cuidar da saúde. “Meu patrão disse: quer cuidar da sua saúde? Eu respondi que queria e fui logo pedindo minhas contas”, completa.

“Com a ociosidade e a ansiedade após ter a minha filha, fui comendo mais e mais. Tomava um refrigerante de 2,5 litros em um dia. Ia para um rodízio e me empanturrava de comida”, conta. Aos 28 anos, Elis chegou a pesar 112 quilos, enquanto o peso ideal para a sua estatura é de pouco mais de 60. No topo do seu peso máximo, Elis viu que não tinha chance de reduzir os quilos com os métodos tradicionais. O Índice de Massa Corporal da vendedora, no início do ano, chegou a 42 e, portanto, já era uma portadora de obesidade mórbida, considerada uma doença séria.

Hoje, de bem com a vida (e com a balança) Elis está no auge dos seus 69 quilos, uma redução de 43 quilos. A meta é perder mais sete nos próximos dias. Só no primeiro mês depois da cirurgia, feita no início do ano, foram embora 16 quilos. Os bons resultados começaram a aparecer: o manequim passou do tamanho 52 para 38. “Dia desses, coloquei um biquíni de lacinho e fui para a praia. Você tem ideia do que é isso?”, pergunta, radiante.

O cansaço físico também desapareceu. As tarefas diárias ficaram bem mais fáceis de serem encaradas, o que, para ela, é motivo de comemoração. “Fui pegar um ônibus. Embora estivesse bem mais magra, fiquei apreensiva, com medo de ter uma frustração de novo. Quando atravessei a roleta e sentei na cadeira sabe qual foi a primeira coisa que fiz? Liguei para o meu marido e dei a notícia”, descreve.

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Jornal da Paraíba

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