VIDA URBANA
Moradores denunciam esgoto a céu aberto em Mandacaru
Moradores do bairro disseram que a situação não é recente e que apesar de todos os pedidos à Cagepa não foram atendidos.
Publicado em 03/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 17/05/2023 às 12:21
Mosquitos, ratos, escorpiões, mau cheiro e muitas doenças causadas por um esgoto que jorra incessantemente e inunda diversas casas ao seu redor. Essa é a situação na qual os moradores da rua Jornalista José do Patrocínio, no bairro de Mandacaru, iniciaram o ano de 2014. Os moradores da localidade relataram que a situação não é recente e que todos os pedidos direcionados à Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) foram negligenciados.
A aposentada Nelsina Monteiro mora na rua há mais de 70 anos e afirma desde sempre sofrer com o problema. Para ela, a esperança não existe mais e conviver com doenças devido ao esgoto que invade sua casa já é parte de sua rotina. “Sempre estouram bolhas nas minhas mãos e pés e o médico falou que é por causa dos germes do esgoto”, disse.
Com uma casa pequena e visivelmente prejudicada por causa da água que toma conta de tudo durante o inverno, Nelsina tem duas filhas que moram ao seu lado e que também sofrem com o problema. Lúcia Monteiro, dona de casa, é uma das mais esperançosas.
“É triste, todo inverno minha mãe fica doente e meus sobrinhos ficam com a pele cheia de feridas por causa desse esgoto, mas eu espero que eles consertem, porque não aguento mais ver minha mãe todo inverno sofrendo com isso”, declarou.
Segundo a dona de casa, no período de chuva a situação piora. Casas alagadas, ratos dentro de casa, além de escorpiões, mosquitos e outras pragas assolam o local, deixando-os ainda mais vulneráveis a doenças e infecções. “As crianças, muitas vezes, brincam dentro desse esgoto e vivem doentes. Eu e minhas vizinhas sofremos muito com essa situação”, afirmou Lúcia.
Josilene Bezerra, dona de casa, é uma dessas vizinhas de Lúcia. Além de todos os problemas relatados, ela vê seu sofrimento aumentar com a constante internação de sua filha.
“Eu tenho uma filha de 4 aninhos que tem asma. Sempre que piora a situação do esgoto eu tenho que levar ela para o hospital. A catinga entra toda dentro de casa e as crianças e as pessoas mais idosas são as que mais sofrem com isso”, lamentou. Os moradores já entraram em desespero devido à situação.
Segundo relatos, cansada de esperar por uma solução, uma moradora chegou a entrar no esgoto para tentar resolver o problema com as próprias mãos.
“Ela entrou, mas não conseguiu resolver. Isso só traz doenças. O cheio é terrível. A gente sofre muito com isso”, afirmou Lúcia. A dona de casa acrescentou, ainda, que no último mês diversos moradores contactaram a Cagepa, mas não tiveram retorno. “A gente liga direto. Hoje mesmo eles passaram por aqui e não pararam nem para olhar. Quando vêm, fazem alguma coisa e, depois de dois dias, tudo volta de novo”.
FALTA CONSCIENTIZAÇÃO
A Companhia de Águas e Esgotos da Paraíba (Cagepa) informou através de assessoria que a rua Jornalista José do Patrocínio, no bairro de Mandacaru, nunca foi negligenciada pelo órgão e sempre são feitos serviços de desobstrução no local visando à resolução do problema. A assessoria de comunicação da Cagepa declarou que o que se observa na localidade é uma falta de conscientização da população com relação ao uso correto da rede de esgotos.
Segundo a Companhia, é norma que, sempre que for relatado algum problema por moradores, a situação seja resolvida em até 48 horas, dependendo da gravidade da situação. Através do telefone 115, a empresa é acionada e as ocorrências são registradas e repassadas a uma equipe que é encaminhada para o local o mais rápido possível para resolução das reclamações. Através do telefonema será fornecido um número de protocolo e um prazo de resolução do problema relatado pelos moradores.
A assessoria informou ainda que como o problema em Mandacaru envolve alagamentos e bueiros jorrando água, uma equipe vai averiguar se o caso é mesmo de competência da Cagepa e, se for, será realizado, o quanto antes, um serviço de desobstrução da rede de esgotos.
A orientação para os moradores é que eles evitem despejar tampas de garrafas, sacos plásticos e piolas de cigarro na rede de esgoto para evitar obstruções. (Colaborou Luzia Santos)
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