COTIDIANO
Liberdade temporária no Natal
427 presos do regime aberto e semi aberto serão liberados a partir deste sábado (23) e deverão voltar ao presídio dia 1º de janeiro.
Publicado em 23/12/2011 às 6:30
“Foi inesquecível, o melhor momento que vivi em toda a minha vida.” O relato é de uma ex- apenada, hoje no regime condicional, que contou como teve seu primeiro contato com o mundo fora da prisão após passar cinco anos e quatro meses sem sair da Penitenciária Feminina Júlia Maranhão. Maria Luíza (nome fictício), foi condenada por homicídio, mas evita falar sobre o crime. Para ela, passar o Natal com a família, após receber o benefício da saída provisória, foi o melhor presente que recebeu.
“Quando eu saí tudo estava muito diferente. Não imaginava que a minha vida poderia mudar tanto em apenas cinco anos. Saí desnorteada, não tinha nem onde passar o Natal, mas alguns parentes me levaram para a casa de uma cunhada e lá fizemos a maior festa,” contou em meio ao ar de felicidade.
Mãe de três filhos, Maria Luíza conta que um deles sempre evitou visitá-la na prisão. “Ele veio me visitar apenas uma vez, mas acho que não gostou do ambiente porque nunca mais voltou.
Lembro que ele era bem gordinho e quando saí da prisão quase não o reconheci,” disse Maria Luíza. Este ano a ceia de Natal será preparada por ela mesma, que também já ornamentou toda a casa com motivos natalinos. “Meu Natal vai ser perfeito, ao lado do meu marido e meus três filhos,” completou Maria Luíza.
Paulo Gonçalves (nome fictício) preferiu não revelar o verdadeiro nome por medo de ser alvo de preconceito. Apenado do regime aberto, ele possui um emprego fixo e se apresenta a cada 15 dias na Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice.
Já com os documentos que o autorizam a passar o Natal e Réveillon em sua própria casa, ao lado da família, ele comemora a conquista, afirmando que foi fruto de muito esforço.
“Na prisão não falta quem tente desviar você do caminho correto.
Eu sempre me comportei, cumpri quatro anos da minha pena e entrei no regime semiaberto. Logo após passei para o regime aberto. Receber a saída provisória é sempre um presente que merece comemoração. Para mim a saída provisória representa um voto de confiança dado pela direção do presídio e pela Justiça. Esse Natal eu vou desfrutar com muita responsabilidade e felicidade ao lado dos meus filhos e minha esposa,” disse Paulo.
Essa mesma felicidade não será compartilhada pela família de Patrícia Santos. O marido dela foi condenado por tráfico de drogas e cumpre pena em regime fechado no presídio PB-1.
Esse será o primeiro Natal que ela vai passar longe do marido, mas para o feriado já planeja fazer uma visita, levando inclusive os filhos. “É triste não ter ele ao nosso lado, em casa, mas o que eu posso fazer?”.
Neste final de ano, 427 presos do regime aberto e semiaberto foram beneficiados com a saída temporária na Paraíba. Eles devem sair amanhã e retornam 1º de janeiro. Nesse período, eles não podem frequentar bares, boates, embriagar-se, envolver-se em brigas, andarem armados ou praticar qualquer outro ato que seja considerado delito.
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