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VIDA URBANA

Violência psicológica pode causar depressão

Calúnias, injúrias e difamação são formas de agredir psicologicamente. Violência psicológica é estratégica e na maioria das vezes é porta de entrada para a violência física.

Publicado em 22/01/2012 às 8:00

A funcionária pública Ana Carolina (nome fictício) vivia um casamento tranquilo e harmonioso. Ao lado do marido amoroso e dos três filhos, ela acreditava estar vivendo o amor em sua plenitude. Essa situação mudou quando ela decidiu largar um emprego estável para acompanhar o marido em uma viagem que iria durar mais de 1 ano na França.

Ana Carolina passou a ser alvo frequente de violência psicológica praticada dentro de sua própria casa pelo homem que um dia havia prometido protegê-la. A violência psicológica e moral é considerada por especialistas a forma mais cruel e invisível de violência doméstica e pode estar presente em um grande número de lares da Paraíba.

O casamento de 13 anos passou a se desgastar e ela já não tinha liberdade para sair com os amigos ou trabalhar. O marido agressor passou a cerceá-la e tentava mostrar que tudo seria em prol da família e felicidade da esposa. A agressão psicológica continuava com o marido fazendo questão de mostrar à esposa que ela não possuía capacidade intelectual ou beleza física.

Sempre educado e utilizando o tom de voz baixo, o marido agressor conseguiu fazer com que Ana Carolina acreditasse que ela era realmente incapaz. Ela então acabou evoluindo para um quadro de depressão, mas ainda não conseguia identificar a frequente violência doméstica que sofria. Mesmo com o término do casamento e separação judicial, a violência deixou marcas, que segundo ela, são irreversíveis. As lágrimas foram inevitáveis e fluíram conforme ela relatava a violência.

“Eu nem imaginava que era violência psicológica. Hoje eu me sinto morta por dentro. Fiquei desacreditada e não consigo mais confiar em um homem e manter um relacionamento. As marcas estão em mim e está sendo muito difícil me livrar delas. Durante todo o processo de separação e tratamento psicológico que fiz eu contei com o apoio de toda a minha família o que foi de suma importância. Infelizmente eu ainda não consigo me perdoar pelas escolhas erradas que fiz”, disse emocionada acrescentando que ‘aguentou’ durante muito tempo o casamento por medo de separar a família.

“Quando você olha, você já está presa, fui ficando triste e retraída. Quando você pensa em violência só pensa em física, é como se a psicológica não existisse”, contou.

Mesmo com o término do casamento ela vivia a violência psicológica. Conseguiu descobrir que sofria este tipo de violência ao procurar auxílio psicológico quando também descobriu que o marido utilizava os filhos para atingi-la. “Ele fazia distinção entre os meus filhos e isso me machucava profundamente porque a família é a coisa mais importante neste mundo, algo que deve ser preservado,” completou.

Histórias como a de Ana Carolina se repetem todos os dias em vários lares paraibanos e a maioria das mulheres não consegue identificar que está sendo vítima de uma agressão. Calúnias, injúrias e difamação são formas de agredir psicologicamente.

Conforme Joyce Borges, coordenadora do Centro de Referência da Mulher Ednalva Bezerra, a violência psicológica é estratégica e na maioria das vezes é porta de entrada para a violência física.

“Comentários do tipo: você está gorda, você é burra e você não serve para nada representam violência psicológica. Quando o agressor também impede que a mulher use certos tipos de roupa por parecer vulgar também é caracterizado como um tipo de violência. Os agressores agem estrategicamente, pois uma mulher insegura e que não tem conhecimento do seu real valor são alvos fáceis e podem ser rapidamente manipuladas”, explicou Joyce Borges.

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Jornal da Paraíba

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