CULTURA
Quadrilhas "estilizadas" animam Campina Grande
Maior São João do Mundo tem um mês de festa, em 42 mil metros quadrados, com a animação de mais de 150 quadrilhas e quase 100 shows.
Publicado em 20/06/2008 às 10:10
Da Agência Brasil
Mais de um mês de festa junina, em mais de 42 mil metros quadrados, com a animação de mais de 150 quadrilhas e quase 100 shows. É esta mistura que dá a Campina Grande, no interior da Paraíba, o status de produzir o maior São João do mundo. Se o título é contestado por Caruaru, em Pernambuco, é inegável que os campineiros se esforçam, e muito, para serem assim reconhecidos.
O esforço dos moradores da cidade, que fica a 131 quilômetros da capital João Pessoa – e só a 143 da rival – é traduzido em um espetáculo que mexe com todos os sentidos. Por todos os lugares em que se passa, há bandeirolas coloridas, cheiro de fogueira, gosto de canjica – ou de mungunzá, como o prato é conhecido no Nordeste –, ouve-se o embalo do forró pé-de-serra e sente-se a vibração das quadrilhas, que parecem não acabar mais.
E são as quadrilhas o principal símbolo da festa junina em Campina Grande. Com pouco mais de 400 mil habitantes, a dança cumpre na cidade não só o objetivo de animar a festa, mas também de proporcionar lazer e de afastar os jovens da criminalidade. E se, ao pensar em quadrilha, é “anarriê” a primeira palavra que vem à mente dos campineiros, aos turistas que a cidade recebe nesta época do ano resta apreciar os passos totalmente diferentes exibidos nas apresentações.
Sem “caminho da roça”, “olha o túnel” e “grande roda” – passos da quadrilha tradicional ou “quadrilha matuta” –, os grupos campineiros são embalados por forró e executam coreografias bem mais elaboradas: são as “quadrilhas estilizadas”. E as apresentações desses passos “estão para Campina Grande como as escolas de samba cariocas estão para a Marquês de Sapucaí e o frevo, para Recife”. A análise é do coordenador de Cultura da cidade, Alexandre Tan.
Tan é responsável pela organização do concurso de quadrilhas, que ocorre no Parque do Povo – local que concentra as atrações juninas da cidade e possui uma infra-estrutura de 42 mil metros quadrados. Neste ano, a disputa terminou na última quarta-feira (18), com a vitória da quadrilha Mistura Gostosa. A avaliação é tão rigorosa quanto à das escolas de samba cariocas.
“Eles [os componentes da quadrilha] passam o ano inteiro se preparando. Escolhem o tema, pesquisam e desenvolvem aquele tema. Aí começa a parte de figurino, adereço, repertório. E o concurso é como escola de samba: avaliam-se entrada, saída, casamento, evolução, harmonia, figurino, adereços, animação, repertório. Tudo isso recebe nota. É a força da cultura”, conta Tan.
E não só nos quesitos de avaliação as quadrilhas se assemelham às escolas de samba do Rio. O envolvimento social da comunidade é fundamental em todas as etapas de produção da quadrilha. "A cultura e a arte desviam o jovem deste mundo louco em que há muita facilidade para o envolvimento com drogas. E com esse resgate, você não ocupa só o jovem, mas também a mãe, que é quem borda os adereços e acompanha os ensaios, e toda a família”.
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