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VIDA URBANA

Procura por atendimento

Quem já realiza tratamento diz que número de pacientes aumentou, que condições são precárias e que não há mais novas vagas.

Publicado em 06/05/2015 às 6:00 | Atualizado em 09/02/2024 às 17:35

E não é incomum ver pacientes de outras cidades da Paraíba em busca de atendimento na capital. Assim como Edinaldo, Marcos José da Silva também se desloca três vezes por semana para João Pessoa em busca de tratamento. Ele faz hemodiálise há pouco mais de um ano e relata que muitas são as dificuldades, dentre elas a longa espera por transportes. “Eu moro em Santa Rita, mas não tenho condições de vir sozinho. Hoje (ontem) mesmo estou aqui há mais de duas horas esperando um carro. Fora isso, muitas são as dificuldades que a gente enfrenta aqui, é muita gente vindo direto”, afirmou.

O aumento no número de pacientes foi algo também relatado por Audilene Bezerra. Ela mora em João Pessoa e se desloca três vezes por semana há cerca de um ano e meio até o Hospital São Vicente de Paula para realizar o tratamento. Segundo ela, as condições são precárias e, recentemente, novos pacientes não estariam sendo atendidos por não haver mais vagas. “Eu já vi gente voltando porque não tinha mais vaga. Além disso, não tem leitos para internação. A gente é bem atendido, nunca fiquei sem o tratamento, mas tem todos esses problemas”, comentou. No local há 30 máquinas para realizar 230 atendimentos.

TRANSPLANTE: 340 PESSOAS NA LISTA
Transplante: 340 pessoas na listaAtualmente, 340 pessoas estão em uma lista à espera de um rim na Paraíba, de acordo com o presidente da Associação dos Pacientes Crônicos Renais e dos Transplantados de Rim, Carlos Lucas. Ele explicou que, nos últimos anos, a Paraíba saiu da posição de 2º maior transplantador do Nordeste para a penúltima posição do país entre os que menos transplantam.
“Em 2013, de janeiro a abril, foram realizados 24 transplantes.

No ano passado, esse número caiu para 14 e esse ano, para 10, dos quais apenas dois rins foram capturados aqui na Paraíba. Não temos do que reclamar do Antônio Targino, que é referência nesses transplantes no Estado, mas só tem esse serviço lá. Apesar do aumento na demanda, a equipe continua a mesma e o padrão caiu, com a realização de bem menos cirurgias”, afirmou.

Uma das pessoas que está nessa lista é Maria José da Silva. Ela mora na Aldeia São Domingos, que fica no município de Marcação, e faz hemodiálise há 18 anos e revela a dificuldade de ficar tanto tempo realizando esse tratamento. “Teve uma época que desisti. Passei dois meses sem fazer o tratamento, mas fiquei muito mal. Aqui é difícil, tem muita gente fazendo, é longe, queria muito que tivesse um serviço mais perto, mas é a minha vida. Tenho quatro filhos que dão sentido à minha vida e a esperança é a última que morre. Eu espero ficar um dia boa”, comentou.

São casos iguais aos de Maria José que preocupam Carlos Lucas. Ele revelou que, além da diminuição no número de transplantes, ainda tem havido um descaso com os pacientes que estão em processo de acompanhamento pré ou pós transplante, que só é realizado atualmente em Campina Grande. “Encaminhamos ofício com denúncia ao Ministério Público com a intenção de buscar alternativas para resolver essa situação. É preciso que vejam a situação dos nossos pacientes crônicos renais na Paraíba”, complementou.

FALTA CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS
Segundo o diretor do Hospital Antonio Targino, José Targino, referência estadual na realização de transplantes de rim, a causa principal da redução do número de transplantes é a falta de captação de órgãos de cadáveres. Ele diz que falta empenho das direções dos Hospitais de trauma de Campina Grande e João Pessoa e das centrais de captação.

Targino revela que o último transplante de rim realizado em Campina Grande foi com um órgão captado e encaminhado da Bahia para o serviço. O médico garante que não existem dificuldades financeiras ou falta de equipes médicas especializadas para a realização dos procedimentos. Ele lembra que muitos doadores poderiam ser as inúmeras vítimas fatais de acidentes de trânsito que ocorrem às dezenas todos os finais de semana.

A reportagem entrou em contato com as secretarias de Saúde estadual e municipal. Em nível estadual, fomos informados de que os serviços de hemodiálise são regulados pelos municípios. Além disso, a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou que o órgão não foi convocado pelo Ministério Público para prestar nenhum esclarecimento.

Por sua vez, a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que adquiriu, em maio de 2012, 35 máquinas de hemodiálise, orçadas em R$ 2,9 milhões. As máquinas seriam usadas no Centro de Hemodiálise do Hospital Santa Isabel, que passaria a ser o único a oferecer o serviço a 200 pacientes crônicos cadastrados na capital. Entretanto, a implantação do Centro de Hemodiálise necessita de uma série de procedimentos que vão além da aquisição das máquinas. A SMS reconhece a necessidade do Centro de Hemodiálise e adotou procedimentos administrativos para sua efetiva implantação. A previsão é que todas as adequações sejam concluídas até o final do ano em curso.

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Jornal da Paraíba

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