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VIDA URBANA

Hospitais do Sertão não têm UTI neonatal

Devido a falta de UTI neonatal nos hospitais do Sertão, recém-nascidos precisam ser transferidos e muitos não resistem.

Publicado em 24/04/2012 às 6:30


Devido à falta de uma rede hospitalar de alta complexidade, os recém-nascidos que precisam de maior assistência no Sertão continuam tendo que ser removidos para João Pessoa e Campina Grande, devido à ausência de UTI neonatal nos hospitais daquela região. No último domingo, uma criança que nasceu na maternidade do Hospital Regional de Cajazeiras, no Sertão, acabou morrendo antes de ser transferida para Campina Grande.

Para que a transferência ocorresse, foi disponibilizado um avião e uma equipe de saúde para transferir o bebê para o Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), em Campina Grande. A aeronave chegou a pousar no aeroporto de Cajazeiras, mas a criança morreu antes mesmo da decolagem.

A diretora do Hospital Regional, pediatra Emanuelle Cariry, contou que a criança precisou de respiração artificial desde a hora do seu nascimento e que os profissionais passaram várias horas fazendo a ventilação através de uma máscara, pois o equipamento de ventilação mecânica só pode ser usado em uma UTI neonatal.

“No caso de Cajazeiras, contamos com a UCI, que foi implantada no ano passado e atende aos casos intermediários. Temos todos os equipamentos para a UTI neonatal funcionar, mas não contamos com neonatologistas no hospital, o que é obrigatório nesses casos”, disse. A falta desses profissionais, segundo a diretora, se deve à falta de interesse dos médicos em se estabelecerem em cidades interioranas. “Até médicos residentes em pediatria é difícil de encontrar”, contou.

Ela disse que as chances de sobrevivência da criança que morreu no último domingo eram pequenas e que a viagem de transferência não poderia ultrapassar uma hora. “A criança foi monitorada durante todo o tempo. A Secretaria de Saúde disponibilizou a aeronave do governador, mas quando estávamos preparando a remoção, os batimentos cardíacos do bebê pararam de uma vez e ele acabou morrendo”, disse.

No mês passado, um recém-nascido também teve que ser removido de avião da Maternidade Peregrino Filho, em Patos, para João Pessoa, devido à falta de UTI neonatal. A diretora da unidade, Silvia Ximenes, disse que a equipe médica se reunirá ainda nesta semana para discutir a implantação do serviço. Ela disse que ainda não tem data certa para a UTI neonatal começar a funcionar, mas garante que isso deverá ocorrer ainda neste semestre. “Será uma grande conquista para o Sertão e muitas remoções deixarão de ser feitas”, informou.

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Jornal da Paraíba

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