ECONOMIA
Regras da poupança ignoradas
Pesquisa do Fiesp mostra que 53% das pessoas desconhecem as mudanças ocorridas na aplicação mais popular do país.
Publicado em 15/08/2012 às 6:00
As novas regras de remuneração da poupança são desconhecidas por mais da metade dos brasileiros. Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 53% dos entrevistados durante o estudo não sabiam das mudanças ocorridas na aplicação mais popular do país e que passaram a valer no início de maio deste ano. Dos 47% que sabiam, 64% afirmaram que ouviu falar do assunto, no entanto, não saberia explicar os detalhes do rendimento.
De acordo com o gerente do departamento de economia da Fiesp, Guilherme Moreira, apenas 20% da população investe em poupança e, destes, 40% possuem renda mensal superior a R$ 1.801. Dos entrevistados que afirmaram ter conhecimento das modificações, 68% são caracterizados como sendo das classes A e B, sendo que destes, 64% afirmam possuir ensino superior completo ou incompleto.
Por outro lado, os grupos com menos conhecimento sobre a nova poupança (72%) pertencem às classes sociais D e E. “Na minha opinião, o brasileiro, em geral, não se preocupa muito com o rendimento. Creio que ele até sabe que não vai render muito, mas ele confia, presa pela segurança, e mantém o dinheiro lá. Talvez esta seja uma das razões que levaram ao desinteresse pelas novas regras”, afirma o gerente.
Para o consultor de finanças pessoais Rodrigo Guedes, o investidor comum conhece muito pouco daquilo que é feito com o seu dinheiro. “As pessoas não só não sabem do que aconteceu com a poupança, o porquê de agora existirem duas variações, como também desconhecem outras opções mais rentáveis”, comenta.
Com a nova regra, a remuneração fixa de 0,5% ao mês foi substituída por percentual variável que corresponde a 70% da Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), a taxa básica de juros utilizada como referência pela política monetária do Banco Central. A regra vale quando a Selic for menor que 8,5% ao ano, como é o caso da atual taxa (8%).
Contudo, as mudanças não atingem o dinheiro que esteja poupado antes de 4 de maio deste ano, quando as novas regras começaram. No caso de uma pessoa ter na mesma conta, depósitos antigos e depósitos novos, quando ocorrer um saque, o dinheiro sai prioritariamente do depósito mais novo, até encerrá-lo. Atualmente, com a Selic em 8%, a remuneração da nova poupança caiu com relação à velha e está na faixa de 0,46% ao mês.
No entanto, conforme o estudo, 12% dos entrevistados das classes D e E afirmaram que escolheram a poupança porque os rendimentos são compensadores para suas realidades financeiras. O economista Lucas Milanez concorda e acrescenta que esta forma de investimento ainda é atrativa para o pequeno investidor. “Outras aplicações exigem maior capital inicial e mais conhecimento de finanças e, neste quadro, a poupança sai ganhando”, diz.
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