ECONOMIA
Manutenção de aluno em escola privada chega a R$ 28 mil
Valor inclui desde gastos com mensalidade e material didático a lanches e transporte, além de atividades extracurriculares, surpreendendo pais ou responsáveis.
Publicado em 25/01/2015 às 8:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:15
A manutenção de um filho na escola pode superar os R$ 28 mil em um ano numa escola privada da Paraíba, segundo levantamento informal realizado pelo JORNAL DA PARAÍBA. O valor inclui desde gastos com mensalidade e material didático, passando por atividades extracurriculares como línguas e festinhas promovidas pela escola em datas comemorativas, até lanches e transporte. Por mais que os pais busquem alternativas para economizar com pesquisa de preço e desconto nas compras à vista, a conta sempre surpreende. O valor daria, por exemplo, para dar uma boa entrada em um imóvel ou quase comprar um carro popular.
A dona de casa Viviane Leite Macedo de Morais, moradora da cidade de Bananeiras, tem dois filhos que estudam na rede privada de ensino: Lucas Cândido, no 6º ano do Ensino Fundamental, e Davi Cândido, no 9º ano do Ensino Fundamental II. Ao relatar os gastos com os filhos, Viviane conta que somente com material escolar as despesas chegaram a R$ 1.800, sem contar os livros que custaram R$ 2.485. Somando as despesas de transporte, mensalidade, material didático, fardamento, curso de idioma, reforço escolar e transporte supera R$ 9 mil somente com o filho Lucas.
Já o custo para manter Davi Cândido na sala de aula ficará em torno de R$ 8,5 mil. Com isso, a dona de casa deverá investir mais de R$ 17,5 mil na educação dos dois filhos até o fim do ano. E com a inflação em alta, a tendência é que os gastos sempre superem o ano anterior.
“Estou percebendo que o preço de alguns produtos aumentou muito este ano. Um exemplo é o caderno de 12 matérias. Enquanto em 2014 encontrava por R$ 35, este ano, o modelo semelhante custa R$ 50”, reclama.
Viviane de Morais é tia da estudante Maria Alícia Macedo, 16 anos, que este ano vai cursar o 3º ano do ensino médio, no bairro de Tambaú, em João Pessoa. Ambas estavam comprando material escolar na mesma livraria.
Como está concluindo o ensino médio e se preparando para o vestibular, os gastos de Maria Alícia ainda são maiores. Somente com os seis livros adotados pelo colégio, a jovem diz que desembolsou R$1.045. Como faz curso de idioma e cursinho preparatório para o vestibular, os gastos extracurriculares chegam a 9.600. “Às vezes entro em um curso e vou direto para outra aula, almoço na rua, então isso aumenta os gastos com alimentação”, lamenta Alícia, que somente de refeição e lanche deverá gastar R$ 400 por mês, o que resulta em R$ 4.000 em dez meses, já excluindo os meses de férias. Outro exemplo é o da bancária Jaciane Santos de Lima e do comerciante Adonis Clóvis de Souza Júnior, do município de Mamanguape, que têm uma filha matriculada no 1º ano do ensino fundamental I. O casal deverá gastar este ano, entre mensalidade da escola e do curso de balé, fardamento, livros, lanche e material escolar R$ 5.400. “Nada é barato”, declara Jaciane.
O gerente da livraria Modelo Atacadão, Márcio Pereira, afirmou que o valor de uma lista de material entre o 1º e o 5º ano do ensino fundamental fica em torno de R$ 1.500 no estabelecimento. Entre o 6º e o 9º ano do ensino fundamental II o valor médio é de R$ 1.100. Já quando alcança os últimos três anos do ensino médio a despesa sobe para R$ 1.800. “Cerca de 80% dos gastos dos pais são com livros", destaca Márcio Pereira.
Cursos extras pesam no orçamento
Não é raro os pais investirem nas atividades extracurriculares dos filhos durante o ano letivo. E quando chega o final do mês, a soma das mensalidades vai se tornando mais onerosa com o acréscimo de cursos de idioma, teatro, dança, reforço escolar, cursinho e por aí segue. A situação poderá se agravar em ano de inflação, ameaça de desemprego em alguns setores e alta das contas básicas, como energia elétrica. O consultor financeiro Erasmo Vieira enfoca que quando a conta está mais alta que a renda, a palavra-chave é “prioridade”.
No caso da estudante do 3º ano do Ensino Médio Maria Alícia Macedo, por exemplo, os cursos fora do colégio trazem uma despesa de quase R$ 10 mil no ano. Caso fosse possível dispensar estas aulas, a economia seria de 32,10% de todo o seu orçamento com educação (R$ 28.903).
Erasmo Vieira lembra que na hora do corte deve-se analisar o que é mais importante na vida do aluno. “O que é mais importante, escola ou balé? Inglês cabe no orçamento? A preparação da escola não é suficiente para o vestibular? Existe outra opção?”, avalia o consultor.
Para ele, o ideal é excluir tudo que puder ser “enxugado” ou até dispensado do orçamento para que a educação do filho seja a prioridade da família. “Então, a troca de um carro, viagens, até mensalidades de TVs pagas talvez tenham que ser enxugadas ou retiradas do orçamento”.
O consultor lembra que no geral vale adotar medidas simples como não escolher materiais com personagens da moda; tentar pagar os produtos à vista para obter desconto e checar se livros usados valem como abatimento nas feiras de livros usados. “Compre os materiais necessários e muito cuidado com os materiais desejados”, alerta.
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