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VIDA URBANA

Paraibano vive mais

Tábua de Mortalidades 2010, divulgada pelo IBGE, mostra que a Paraíba está em terceiro lugar no país com maior alta na expectativa de vida.

Publicado em 03/08/2013 às 6:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 15:20

O paraibano está vivendo mais. É o que aponta a Tábua de Mortalidades 2010 para grandes regiões e unidades da federação, divulgada na manhã de ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que a Paraíba está em terceiro lugar no país com maior alta na expectativa de vida nos últimos 30 anos, com 14,2 anos a mais, saltando de 57 anos, em 1980, para 71,2, em 2010. O Estado só perde para Pernambuco (14,5) e Rio Grande do Norte (15,9).

A Paraíba, que tinha a terceira mais baixa esperança de vida ao nascer do país, em 1980 (57 anos), ganhou no período de três décadas um incremento de 14,2 anos de vida a mais, subindo oito casas na estatística nacional, alcançando a marca de 71,2 anos de idade, em 2010. Essa longevidade cresceu principalmente pelo aumento de 15 anos na esperança de vida das mulheres paraibanas, que passou de 60 anos, em 1980, para 75, em 2010.

O aumento nos anos de vida conquistado pelos paraibanos, dependem de diversos fatores, entre eles o acesso à saúde, saneamento básico e higiene, mas parte da população ainda é excluída desses suportes básicos, a exemplo das pessoas que residem em comunidades, sem a mínima infraestrutura. É o caso da recicladora Maria do Socorro, que mora na Comunidade do 'S', no bairro Róger, em João Pessoa. “A gente não tem o direito de ficar doente, porque não tem condições de pagar médico e o acesso nos postos de saúde também é difícil. A gente vive jogado aqui no meio da imundice. Aqui é bom de se morar, mas falta condições pra gente”, denunciou.

Para o professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador do Núcleo de Estudos em Economia Social (NEES), Herbert Oliveira Rego, o Programa Saúde da Família (PSF) é um dos fatores relevantes para essa expectativa de vida maior. “O PSF é de extrema importância para esse resultado, porque foi uma revolução para as famílias de baixa renda, onde elas passaram a ter acesso à saúde com mais facilidade. As pequenas coisas defendidas no PSF, como escovar os dentes e beber água fervida, aumentaram substancialmente a longevidade dessas pessoas, principalmente em um Estado extremamente pobre como o nosso”, considerou.

Considerando o ano de criação do Programa Saúde da Família, em 1994, Herbert Oliveira destacou que caso as pessoas tenham iniciado medidas simples de saúde e melhoria da qualidade de vida, favoreceu a longevidade nesse período. “O aumento da expectativa de vida pode ser também fruto dessa política pública de saúde básica, já que pessoas que não tinham acesso à saúde passaram a ter um contato muito mais fácil, de modo que a grande massa da população paraibana tivesse melhor saúde e consequentemente maior longevidade. Mas vale ressaltar que são vários os fatores que contribuem para a longevidade”, frisou.

Já a titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Humano (SEDH), Aparecida Ramos, atribuiu o aumento da expectativa de vida ao Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios, onde a Paraíba também apresentou crescimento positivo.

“Essa longevidade tem uma relação direta com isso. É importante destacar que a Paraíba, nos últimos dez anos, tem acentuado um crescimento econômico importante. Além disso, a população paraibana tem tido acesso a procedimentos no campo da ciência e medicina, o que facilita essa longevidade”, ponderou.

HOMENS MORREM MAIS NA PB

Políticas de saúde também foram citadas pela secretária de Estado de Desenvolvimento Humano (SEDH), Aparecida Ramos, como o acompanhamento pré-natal e redução no índice de mortalidade materna. “Os indicadores se relacionam entre si. Nós temos ações importantes na área de segurança, no que diz respeito ao combate, enfrentamento e prevenção da criminalidade. Portanto, essa tem que ser uma política de Estado, para além de um governo e de uma secretaria. Tem que haver ações mais efetivas e consistentes”, declarou.

A Tábua de Mortalidades usa o Censo 2010, de estatísticas de óbitos provenientes do Registro Civil e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, referentes ao mesmo ano. A publicação traz dados sobre a esperança de vida por sexo, sobremortalidade masculina e taxa de mortalidade infantil para as Grandes Regiões e Unidades da Federação, além de comparações com os indicadores de 1980, apresentando um panorama das mudanças nos níveis e padrões de mortalidade no período de 30 anos.

EXPOSTOS A ÓBITOS

O levantamento do IBGE chama a atenção ainda para a sobremortalidade masculina, que para especialistas é resultado do estilo de vida dos homens, que estão mais expostos a óbitos de origem externa, como acidentes de trânsito e homicídios, em virtude da criminalidade.

Conforme os dados da Tábua de Mortalidades 2010, seguindo uma tendência nacional, os homens paraibanos vivem menos do que as mulheres. Em 1980, a esperança de vida ao nascer de um homem era de 54,1 anos contra 60 das mulheres. Embora o sexo masculino tenha conquistado um acréscimo de 13,3 anos de vida, nos últimos 30 anos, os indicadores mostram que ele ainda possui menos anos de vida (67,4 anos, em 2010) do que o sexo feminino (75 anos, em 2010).

Para contribuir com a longevidade masculina, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), tem um núcleo de saúde masculina, para minimizar agravos na saúde da população masculina que poderiam ser evitados com ações de prevenção das doenças, principalmente devido à cultura de que os homens procuram o médico menos do que as mulheres, por conta do preconceito, segundo a assessoria de comunicação.

Ainda conforme a assessoria, a SES realiza constantemente capacitações de técnicos das Gerências Regionais de Saúde do Estado para reforçar as ações de atenção integral à saúde do homem e dando apoio aos municípios nas ações de orientação e prevenção à saúde masculina.

ANÁLISE DA NOTÍCIA

DUAS COISAS EXPLICAM OS 14,2 ANOS A MAIS, MAS HOUVE UMA MELHORIA GERAL

Por: Ítalo Fittipaldi
Cientista político

“Duas coisas podem explicar esses 14,2 anos de vida a mais dos paraibanos. Em primeiro lugar é o efeito base, onde se tinha uma longevidade muito baixa e como essa longevidade melhorou em todo o país, a melhoria é mais sentida naquela parte onde a distribuição era ainda mais baixa.

A outra explicação pode ser uma modificação no padrão demográfico do Estado da Paraíba, a exemplo de pessoas aposentadas que passaram a residir aqui ou pessoas que vieram para cá e aqui se estabeleceram depois de terem passado grande parte da vida em outros Estados, como também parte da população da Paraíba migrou para outras Regiões, principalmente a mais jovem, então se teve um ganho.

A princípio, essas podem ser as duas explicações básicas para entender esse diferencial de 14 anos a mais. Agora, é preciso uma análise mais profunda para investigar as causas.

Em resumo, houve uma melhoria geral. Com relação à baixa longevidade dos homens, também é uma tendência nacional de que as mulheres vivem mais, devido aos homens se envolverem mais em acidentes de trânsito e ingressarem mais na criminalidade, bem como o fato dos homens terem uma vida menos regrada que as mulheres. Tudo isso compromete um pouco a expectativa de vida do homem”.

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Jornal da Paraíba

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