VIDA URBANA
Por baixo da praça existiam casas, açougue e até um pelourinho
De acordo com técnicos em arqueologia, os vestígios achados são datados entre os séculos XVI e XIX. No local foram encontrados pedaços de pratos portugueses, garrafas e ossos de boi.
Publicado em 25/02/2010 às 15:29
Inaê Teles
Especial para o Paraíba1
Pelos registros que se tem da época, no local das escavações funcionavam três casas que abrigavam um açougue e uma barbearia. “No local nós encontramos ossos de boi, restos de ostras, vários pedaços de pratos e louça portuguesa dos séculos XVII e XVIII e também pedaços de garrafas de vidro. São vestígios que indicam o tipo de atividade que funcionava no local”, contou Hebert Moura, técnico em arqueologia.
Em uma dessas casas foi encontrada uma construção que seria um antigo porão. Lá também foram achados vestígios de pisos de tijoleira e pisos hidráulicos. A base das casas era de calcário, um material abundante na época. “O nosso calcário era tão bom que os holandeses comparavam com o mármore português”, contou o técnico em arqueologia.
O grande achado das escavações ainda está por vir. Segundo o Hebert, entre os séculos XVI e XVII funcionava um antigo Pelourinho que servia para açoitar os escravos. “Nós acreditamos que o Pelourinho ficava próximo ao busto de Rio Branco, mas como ele era de madeira nós nem sabemos se vamos encontrá-lo. Se encontrarmos, será um grande achado”, disse o técnico.
Na época a praça era bastante movimentada pelos eventos públicos como açoite de escravos, enforcamentos e pronunciamentos oficiais.
As atividades arqueológicas no local estão previstas para terminar nas primeiras semanas de março. Já a revitalização da Praça Rio Branco está prevista para terminar em junho.
Antigas instalações
Ainda fazem parte das antigas construções os prédios do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o da Polícia Federal e da Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado (Funape).
O prédio fo Iphan foi construído em 1783 e lá funcionava o Erário, uma espécie de centro administrativo, e os Correios. Na instalação onde hoje funciona a Polícia Federal existia antigamente a casa do capitão Mor, um gestor da capitania Paraíba. Já o prédio da Funape foi construído em 1610 e abrigava a Cadeia Púlbica.
Atividades
Nas atividades de revitalização da praça trabalham quatro estudiosos da empresa 'Arqueologia Brasileira' que tem sede em Natal, no Rio Grande do Norte. São dos arqueólogos Iago Henrique Albuquerque de Medeiros e Marluce Lopes da Silva e dois técnicos em arqueologia. As atividades acontecem de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, e contam com o auxílio dos operários da empresa.
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