COTIDIANO
Tráfico de pessoas na PB é preocupante, diz especialista
Mais de 15 paraibanos foram recrutados por uma rede de tráfico.
Publicado em 11/10/2012 às 8:00 | Atualizado em 26/08/2021 às 23:28
Mais de 15 paraibanos foram recrutados por uma rede de tráfico de pessoas para serem explorados sexualmente na Europa. A informação foi revelada na última terça-feira por um professor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), que prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Câmara Federal, em Brasília, sobre o tráfico de pessoas no Brasil.
A pesquisa do professor Sven Peterke revela um diagnóstico do tráfico de pessoas na Paraíba, entre os anos de 2005 e 2011.
Segundo o pesquisador, o maior número de ocorrências estão relacionadas à exploração sexual de crianças e adolescentes, que são levados a trabalhar na Europa, sobretudo na Itália, como travestis. O professor revela ainda que a quadrilha de aliciadores chegaria a faturar mais de 6 milhões de euros por ano.
De acordo com o depoimento de Sven Peterke, promotores da cidade de Guarabira, no Agreste paraibano, investigam as denúncias e atestam que quando enviadas para a Europa, as vítimas eram obrigadas a fazer até dez programas por noite, o que daria uma renda de 1.500 euros. “Uma vítima trabalhando 300 dias por ano poderia render 450 mil euros. Como foram 15 vítimas identificadas até agora, o valor poderia ultrapassar 6 milhões de euros ao ano”, revela o pesquisador.
Os promotores citados no depoimento deverão ser convocados para prestar depoimento na CPI, que deverá apresentar o relatório até dezembro.
Sobre a pesquisa e as denúncias reveladas na CPI pelo professor Sven Peterke, o secretário de segurança e defesa social do estado, Cláudio Lima, afirmou que a Secretaria ainda não foi comunicada sobre os casos e que não existem investigações sobre o tráfico de pessoas na Paraíba. “Essa pesquisa nunca foi apresentada à Secretaria e não temos registro de que o tráfico de pessoas aconteça na Paraíba. Mas, se forem comprovados os indícios, podemos instaurar um inquérito para apurar as denúncias”, finaliza.
NOVA AUDIÊNCIA
O deputado Luiz Couto (PT-PB) deverá apresentar requerimento para que os procuradores de Guarabira sejam ouvidos na Câmara. O parlamentar adiantou que, ao final dos trabalhos da CPI, serão apresentadas propostas para alterar a legislação penal sobre o tráfico de pessoas.
"Nós temos que enfrentar essa questão, penalizando também aqueles que aliciam, que manipulam, que fazem propaganda enganosa oferecendo sonhos quando na verdade, o que muita gente vai ter, são pesadelos."
Luiz Couto também afirmou que os benefícios econômicos trazidos pela prostituição fazem as famílias das vítimas relevarem a situação. “Muitos familiares não perguntam de onde veio o dinheiro, muitas vezes não querem nem saber o que seus familiares foram fazer em outros países”, denunciou Couto.
A CPI do Tráfico de Pessoas deve apresentar seu relatório no final do mês de dezembro.
EXPLORAÇÃO SEXUAL
O Plenário da Câmara aprovou, na última terça-feira, a prorrogação por 60 dias da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga a exploração sexual de crianças e adolescentes e já realizou audiência pública na Paraíba. O requerimento de prorrogação foi apresentado pela presidente da CPI, deputada Erika Kokay (PT-DF).
“O objeto da CPI é bastante abrangente, na medida em que aponta para uma investigação de crimes de exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes em todo o País”, diz a deputada. “Assim, os 120 dias do prazo original, que expiram no próximo dia 13 de outubro, foram insuficientes para concluir toda a investigação almejada pela CPI”, acrescentou.
Erika Kokay afirma que a comissão vai dar continuidade à realização de audiências públicas nos estados. “Além das reuniões realizadas em Brasília, a comissão já fez diligências e audiências públicas em estados como o Rio Grande do Norte e a Paraíba, devendo ainda visitar outros Estados onde se situam os pontos mais críticos quanto à prática desses crimes", ressaltou a deputada petista. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)
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