VIDA URBANA
Formalidade e glamour de 1920 a 1970
Publicado em 05/02/2012 às 8:00
O encontro da elite – com muito glamour e até formalidades.
Eram assim os carnavais de João Pessoa nos anos de 1920 até 1970, conforme relatou o escritor e pesquisador Wills Leal, autor do livro 'No Tempo do Lança Perfume'.
Na obra, ele detalhou as especificidades da data festiva na capital. “O importante mesmo era o Carnaval na sua época, nos quatro dias. Mas a abertura era o momento de gala, quando as pessoas tinham que ir fantasiadas ou a rigor”, contou Wills, ao apontar que atualmente as festas carnavalescas foram 'desdatadas' e as comemorações acontecem antes do feriado – o que contribuiu para a decadência da tradição.
Ainda segundo o escritor, o ponto alto desses carnavais (que aconteciam sobretudo nos clubes Cabo Branco e Astrea) foi nos anos de 1950 – pós segunda guerra mundial. “Foi aí que vieram as mudanças de ritmo, a cidade se modernizou, a gente tinha mais a social. A mulher já fumava, bebia, dançava solta no salão. O Carnaval começou a ser mais solto e no quesito fantasias houve a influência dos personagens do cinema”, detalhou Wills, ao lembrar que todo ano eram lançadas novas músicas de Carnaval.
“As canções perduravam por décadas, como 'Mamãe eu quero', 'Chiquita Bacana', 'Ô abre alas'”, elencou. Nessa época ainda havia o predomínio do lança-perfume, que substituiu o confete e a serpentina – servindo para aromatizar o salão e “tomar o porre”. Depois a substância veio a ser proibida.
“Não tínhamos a barulheira do trio elétrico. As orquestras tocavam e todo mundo cantava as marchinhas. Era uma festa bem dinâmica e familiar, mas com muita animação. Tinha a presença do Rei Momo, da Rainha, o discurso do presidente do clube. Era todo um ritual, muito diferente do que se faz hoje”, explicou Wills, ao acrescentar que toda essa pompa dos clubes contrastava com o Carnaval da “plebe”, que acontecia com muito “mela-mela nas ruas”.
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