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VIDA URBANA

Volume morto do açude de Boqueirão preocupa especialistas

Professor da UFCG diz que cenário é incerto tanto na questão da qualidade da água, quanto no mecanismo de retirada do recurso.

Publicado em 21/07/2015 às 6:00

“Quando chegarmos ao volume morto, nós teremos chegado à área da incerteza”. Essa foi a afirmação do professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Janiro da Costa Rêgo, ao ser indagado sobre o futuro que aguarda o açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), até ontem com 17,4% do seu volume total. Conforme a opinião do especialista, o cenário é incerto tanto na questão da qualidade da água, que pode se deteriorar, quanto no mecanismo de retirada do recurso, tendo em vista que a geografia da área está propensa à formação de ilhas, o que pode dificultar a captação da água.

O volume morto é a água que fica no fundo do reservatório, abaixo do nível de captação das comportas e que acumula sujeira, sedimentos e até metais pesados. A Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa) informou que, por enquanto, o tratamento será o mesmo usado atualmente, “dentro de rígidos padrões de qualidade”, mas confirmou a incerteza diante da diminuição do volume.

“Em 1999 a barragem chegou a 14% do volume de armazenamento e não tivemos problema no tratamento, a água era distribuída em perfeitas condições de potabilidade. Mas de 14% abaixo, não posso fazer uma previsão de como será o tratamento, isso é uma coisa que terá que ser analisada pontualmente. Diariamente fazemos a coleta e análise de amostras de água, para se, por acaso, chegarmos a um ponto em que estejamos fugindo de algum padrão de qualidade, informar à população”, disse o gerente regional da Cagepa, Simão Barbosa.

Entretanto, esse cenário é visto como preocupante pelos especialistas, como sintetizou o professor Janiro Costa. “A água pode se deteriorar e ficar imprestável para o consumo. Isso depende das condições ecológicas, das condições climáticas em que o manancial está inserido. Devido à pequena quantidade de água, aumenta a concentração de sais, de matéria orgânica, que é quando pode ocorrer a eutrofização, fenômeno que causa a destruição da fauna e da flora dos ecossistemas aquáticos, transformando-os em esgotos a céu aberto. Esse cenário permite a proliferação de inúmeras doenças causadas por bactérias, vírus e vermes”, explicou Janiro.

Dentre os microorganismos que podem estar presentes em baixos níveis d'água, o principal alerta é para a proliferação das cianobactérias. Foram elas as responsáveis pela intoxicação de 126 pacientes e morte de 47 que faziam hemodiálise na cidade de Caruaru, Estado vizinho de Pernambuco.
O açude de Boqueirão (Epitácio Pessoa) abastece Campina Grande e mais 18 cidades que estão em racionamento de água desde o mês de dezembro do ano passado. O racionamento atualmente é de 60h.

FORMAÇÃO DE ILHAS DIFICULTARÁ CAPTAÇÃO
A Cagepa pretende retirar, a partir do dia 25 de dezembro, os últimos 44 milhões de metros cúbicos de água do volume morto do açude, que possui 52 milhões de metros cúbicos nessa reserva. As obras para captação de água através do sistema de flutuantes começaram há cerca de um mês. De acordo com a companhia, essa reserva será “suficiente” para abastecer a região até o final de abril do próximo ano.

Essa é outra preocupação dos especialistas, pois tendo em vista a extensão do reservatório, que vai da cidade de Boqueirão até o município de Cabaceiras e cobre uma área de 2.680 hectares, conforme dados do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), podem surgir 'ilhas' no meio do manancial, o que traz ainda mais incerteza quanto à captação desse recurso.

“O açude é muito comprido, e quando o volume baixa, não fica uma poça única, vai formar lagos separados, até pela geografia natural da região. Então a gente não sabe quanto vai poder se retirar de cada uma dessas poças, em termos de volume e também a qualidade de água de cada uma delas. Essa é a história do volume morto 1, volume morto 2, que aconteceu em São Paulo, no Sistema Cantareira”, afirmou o professor Janiro Costa, contrariando a conceituação de reserva técnica.

“Isso não é reserva técnica, esse termo foi inventado pra que a população pense que existe outro açude ali. Se houvesse uma reserva técnica, já teria uma captação pronta para retirar água automaticamente. É um volume morto para manter a vida aquática, para não ser retirado, nem mesmo ser atingido”, finalizou.

Já o gerente regional da Cagepa, Simão Barbosa, alegou que possivelmente não haverá problemas com a formação dessas ilhas. “Pela batimetria realizada em 2013 pela Agência Nacional das Águas (ANA) e Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), e pelo conhecimento que temos da formação da bacia hidrográfica do açude, acreditamos que não vamos ter problemas com a formação dessas ilhas. A reserva técnica possui 52 milhões de metros cúbicos de água e nosso planejamento é explorar apenas 44 milhões, já para manter a vida aquática e prevendo essa deterioração da água”, informou.

Em relação ao andamento da obra do sistema de flutuantes, Simão informou que está em execução, com término previsto para o final de novembro. “Estamos realizando alguns ajustes no projeto, mas as obras estão em andamento, os tubos que serão instalados já estão lá em Boqueirão e os flutuantes estão sendo fabricados em Santa Catarina.

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Jornal da Paraíba

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