VIDA URBANA
Manaíra pode ter problemas com abastecimento de água e energia
Bairro está entre os mais adensados da capital. Vereador alerta para risco de comprometimento do abastecimento e no trânsito.
Publicado em 18/09/2011 às 6:30
Valéria Sinésio
Além do São José, Padre Zé, Mandacaru, Tambaú, Manaíra e Varjão (Rangel) são os mais adensados de João Pessoa, segundo o IBGE. Sobre essa realidade no bairro de Manaíra, o vereador Tavinho Santos, um dos defensores da redução do adensamento populacional na orla da capital, faz a seguinte avaliação: “Manaíra corre o risco de ter problema em seus serviços públicos, como abastecimento de água e energia”, frisa.
O vereador também chamou a atenção para o fato de que “as estações elevatórias do bairro já não estavam atendendo a população em sua capacidade. Outro problema visível é o trânsito de veículos, que vem sofrendo inúmeras intervenções, mas que ainda está longe de oferecer uma mobilidade satisfatória”, comenta.
Segundo a secretária de Planejamento de João Pessoa, Estelizabel Bezerra, Manaíra, apesar de ser um dos bairros mais densos e populosos da capital, possui boa infraestrutura.
De acordo com a secretária, nenhum bairro 'estoura' a capacidade de densidade que é de 250 habitantes por hectare. “Manaíra recebeu muito investimento, desde o sistema binário até o recapeamento de ruas. São cinco praças, das quais três foram reformadas”, disse. “Precisamos desconcentrar os investimentos e levar para os bairros da periferia”, completou.
A secretária destacou que nos últimos cinco anos, a Prefeitura vem buscando dotar a cidade de infraestrutura urbana e equipamentos públicos de saúde, educação etc. “O problema é que João Pessoa teve um 'espraiamento' e a infraestrutura não acompanhou esse processo”, frisou Estelizabel.
A manutenção dos serviços e os investimentos visam dar mais igualdade à cidade. “Priorizamos a valorização dos espaços urbanos com equipamentos de convergência como as praças que oferecem cultura, ginástica, recreação, esporte etc”, frisou Estelizabel Bezerra.
Viabilidade de projeto é questionada
A viabilidade do projeto de reurbanização da comunidade São José é questionada pelo professor e arquiteto Marco Suassuna, que coordenou um projeto de extensão no Centro Universitário de João Pessoa (Unipê) que trata sobre o local. “É preciso respeitar os costumes dos moradores, não pode a prefeitura simplesmente impor um projeto, que talvez não atenda às reais necessidades da comunidade”, declarou.
Na avaliação do professor, é indispensável fazer o diagnóstico da área para propor melhorias. “O São José tem a característica peculiar de casas misturadas com botecos, salões de beleza, não há divisão, o que é um indicador de costume”, destacou. Para ele, é importante melhorar as condições, contudo, sem descaracterizar os aspectos pré-existentes.
Suassuna chamou a atenção para o anúncio da prefeitura de construir apartamentos em determinado padrão. “A composição familiar não pode ser esquecida. O apartamento pode se tornar grande demais para um aposentado que mora sozinho, por exemplo, ou pequeno, para uma família composta por seis ou sete pessoas”, justificou. Segundo ele, o ideal seria misturar a tipologia. “Não questiono a boa intenção da Prefeitura, mas um projeto não pode ser feito de fora para dentro”, destacou.
Ainda de acordo com a posição de Suassuna, o projeto da Prefeitura da capital vai de encontro aos costumes da comunidade. “Não é ideal homogeinizar um tipo de moradia”, disse o professor, alertando que não houve envolvimento da população na concepção do projeto. “Já há indicações de resistência, pois o projeto não corresponde à realidade vivida na comunidade São José”, argumentou.
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