CULTURA
No Dia da Fotografia, profissionais falam sobre a arte de registrar pelas lentes
Francisco França, Rizemberg Felipe e Leonardo Silva são exemplos desse universo, onde uma imagem pode valer mais do que mil palavras
Publicado em 19/08/2015 às 8:00
Na correria do cotidiano de uma redação jornalística e nos disparos das máquinas fotográficas, ainda há tempo – e foco – para se enquadrar uma estética voltada para a veia artística do profissional das lentes e dos cliques.
Nesta quarta-feira, é celebrado o Dia Mundial da Fotografia. No ano de 1939, a foto foi anunciada oficialmente, em Paris, na Academia de Ciências da França, nascendo de um processo batizado de Daguerreótipo, projeto criado e desenvolvido por Louis M. Daguérre (1787-1851). A fotografia foi a primeira expressão artística a ser adicionada no famoso Manifesto das Sete Artes, estabelecido pelo crítico italiano Ricciotto Canudo (1877-1923), em 1912.
Francisco França, Rizemberg Felipe e Leonardo Silva, três dos quatro fotógrafos do JORNAL DA PARAÍBA, todos premiados, são exemplos desse universo, onde uma imagem pode valer mais do que mil palavras, atender a demanda do registro jornalístico e ser composta de valor artístico, daqueles que podem ser muito bem adornados numa galeria ou exposição.
“É um jornalismo fotográfico mais criativo e com uma veia mais poética”, explica Rizemberg sobre seu cotidiano. “Fotografia é o cinema de um frame só. O fotógrafo tem um olhar mais apurado e diversificado, além de um pensamento rápido para alinhar com o olhar, mente e coração”.
Para Rizemberg, uma foto num jogo de futebol feita de maneira lírica pode despertar o interesse de alguém que não goste do esporte, ou um registro mais seco da violência cotidiana pode retratar a delicadeza de uma mãe quando abraça o cadáver de um filho.
“Fotografia é uma pintura com a luz”, define Francisco França. “É registrar o que acontece a sua volta e que muita gente não nota”, acrescenta.
Para Leonardo Silva, o segredo é captar a arte por trás da foto do cotidiano. "A arte já está lá. É chegar e ver o momento em que ela se faz presente. É uma questão de olhar, de um ângulo", ensina.
De acordo com França, a fotografia jornalística é muito dinâmica. O profissional deve se preocupar com que a imagem sintetize e informe ao leitor os fatos.
“Temos muito pouco tempo para elaborar uma foto. Quando tem o tempo, principalmente nas matérias especiais, dá para usar mais a arte, com um trabalho de ângulo ou uma luz mais diferente ”.
O fotógrafo atenta ainda para a oportunidade oferecida naqueles milésimos de segundos entre o disparo da câmera e o acontecimento em si. “Se perder aquele instante da foto, ela nunca mais voltará. Nunca sairá natural como deveria ser”.
Tanto para Francisco França – nascido na véspera do Dia Mundial da Fotografia – quanto para Rizemberg Felipe – cujo parto se deu nesta data comemorativa –, o mundo que passa pelos olhos de ambos é analisado e decodificado para a ciência fotográfica, seja ela jornalística ou artística, esta última com direito a manipulação produzida por programas de computador, o que pode integrar a chamada arte digital. “Fotografia é o meu estilo de vida”, resume Rizemberg.
Conheça os fotógrafos
Francisco França nasceu na véspera do Dia Mundial da Fotografia. Natural de Patos, começou fotografar em 1986 num estúdio da sua cidade natal. Em 1989, ingressou no Correio da Paraíba. Trabalhou também no extinto jornal O Norte, chegando à redação do Jornal da Paraíba em 2004, onde permanece até hoje. Ganhou cinco primeiros lugares no Prêmio AETC de Jornalismo. Em 2012, ganhou o Vladimir Herzog e foi finalista do Esso.
Leonardo Silva nasceu em Campina Grande no dia 23 de julho. Ainda nos anos 1980, se apaixonou pela fotografia. Adolescente, trabalhava na Livraria Pedrosa durante a semana e nos finais de semana, exercitava o olhar fotográfico em enventos na cidade. Ingressou no Jornal da Paraíba em 1988. Saiu em 1989 para voltar em 1990, permanecendo até hoje. Venceu o Prêmio AETC de Jornalismo em 2013 e 2014.
Rizemberg Felipe nasceu em João Pessoa, no Dia Mundial da Fotografia. Profissional desde 1995, começou como laboratorista e posteriormente fotógrafo. Passou por O Norte e faz parte da equipe do Jornal da Paraíba desde 2001, sendo o primeiro repórter-fotográfico internacional do jornal, atuando na Bolívia e Peru. Venceu o Prêmio AETC de Jornalismo e Yázigi de Fotografia. Cursou cinema e fotografia na New York Film Academy (NYFA), nos EUA.
Comentários