Milhares têm HPV no país; 685 mil só este ano

Trezentas paraibanas devem desenvolver tumores no colo de útero até o início do próximo ano, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Deste total, 80 serão diagnosticadas só em João Pessoa. O principal responsável por quase 90% dos casos será o HPV, sigla da palavra inglesa human papiloma virus, que causa lesões na pele e nas mucosas genitais.

Embora pouco conhecida, o HPV é a doença sexualmente transmissível mais comum entre homens e mulheres. Estudos divulgados pelo Inca estimam que uma em cada cinco mulheres seja portadora do vírus. Só este ano, de acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, já foram contabilizados 685.400 casos da doença no Brasil. Sem tratamento, o HPV pode dar origem a tumores nas áreas genitais de homens e mulheres.

O presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia da Paraíba, Geraldez Tomaz, explica que o HPV é o responsável não apenas pelos cânceres de colo uterino, como também pelos tumores no pênis. O vírus é transmitido através de relações sexuais sem uso de preservativos.

“Existem mais de 170 tipos de vírus de HPV isolados, atualmente.

Dificilmente, os homens apresentam sintomas, porque estes são mais comuns em mulheres. Corrimentos vaginais e dores durante as relações sexuais podem indicar que o colo do útero está lesionado”, afirma.

O médico afirma ainda que as chances de aparecer tumor são maiores nas mulheres que têm o organismo debilitado. Pessoas que tiveram muitos filhos, fizeram uso prolongado de contraceptivos orais, que fumam e que são portadoras de outras doenças sexualmente transmissíveis, como aids, herpes e clamídia, são as mais vulneráveis.

Existe uma vacina que pode proteger as pessoas contra os tipos mais comuns do HPV. No entanto, a imunização custa caro e ainda não é oferecida pela rede pública de saúde. A recomendação é que as doses sejam aplicadas em homens com idades até 26 anos. A partir dessa faixa etária o organismo adquire imunidade natural. Já as mulheres podem tomar as vacinas em qualquer idade, porque o corpo feminino reage de forma diferente.

A boa notícia é que, apesar da quantidade existente de vírus, na maioria das infecções, as lesões crescem e regridem naturalmente. O próprio organismo se encarrega de combater e exterminar os anticorpos. Apenas em 10% dos casos, conforme estudos do Inca, que o vírus leva ao aparecimento de câncer.