VIDA URBANA
MP detecta mais um caso de KPC no Ortotrauma; secretaria investiga
Inspeção do Ministério Público no Ortotrauma detectou um caso de KPC na UTI. Secretaria explicou que paciente está em investigação.
Publicado em 17/08/2011 às 15:00
Da Redação
Mais um caso de contaminação pela Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC), a superbactéria, foi detectada no Complexo Hospitalar Governador Tarcísio Burity, o Ortotrauma, em Mangabeira, na Capital. A descoberta da ocorrência veio de uma inspeção do Ministério Público no hospital, na manhã desta quarta-feira (17).
A paciente é uma senhora de 63 anos que está isolada na UTI há 67 dias. No fim desta manhã, no entanto, a Secretaria de Saúde de João Pessoa emitiu uma nota de esclarecimento à imprensa afirmando que, depois da morte de uma idosa na última terça-feira, houve um rastreamento nos pacientes que estavam na UTI e todos apresentaram resultados negativos.
Em contato com a assessoria da Secretaria, a reportagem foi informada que a contaminação pela superbactéria ainda não foi confirmada e que o caso ainda está em investigação. Eles confirmaram, no entanto, que a paciente está isolada na UTI. O Ministério Público afirmou, ainda, que mais outros três pacientes estão internos na UTI, mas não têm a doença.
A infectologista do hospital Samaritano, Helena Germóglio, confirmou que nesta unidade hospitalar também está internada uma paciente de 68 anos contaminada pela KPC. "Ela está internada há quase três meses e só agora contraiu a bactéria. Esses casos são comuns nos hospitais", explicou.
A filha da paciente disse que houve negligência médica. "Tenho certeza que ela foi contaminada por um catéter que estava sujo. Eles só vieram dar máscaras e batas a partir de sexta. Vamos entrar na Justiça porque eles também deixaram minha mãe cair no chão", lamentou a filha da paciente. A Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba ainda não divulgou um balanço oficial sobre os casos.
Na nota de esclarecimento sobre a morte da senhora de 78 anos, contaminada pela KPC, a Secretaria esclareceu o que aconteceu no hospital e se solidarizou com os familiares da paciente.
Veja a nota na íntegra:
“Diante do caso notificado pela imprensa da paciente Lenira Azevêdo Maia, de 78 anos, a Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa declara que lamenta o ocorrido e esclarece que se tratava de uma paciente portadora de doenças de base – insuficiência cardíaca congestiva (ICC), hipertensão e coronariopatia - que vinha sendo assistida pelo Hospital Governador Tarcísio Burity (Ortotrauma), desde o dia 24 de abril de 2011, decorrente de uma fratura infectada de fêmur.
Para que fosse realizada a cirurgia de artroplastia total de quadril para mudança da prótese em processo de rejeição, seria necessária a aquisição de uma prótese especial de titânio. Todas as providências cabíveis para acolhimento e tratamento da paciente foram tomadas, inclusive a aquisição da prótese.
Após a cirurgia, que aconteceu no dia 15 de julho, a paciente foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e medicada com antimicrobianos (antibióticos), além do acompanhamento direto de uma equipe médica composta por cardiologista, ortopedista, geriatra, intensivista, infectologista e clínico geral.
Após exames laboratoriais de rotina, a Comissão de Controle Hospitalar do Ortotrauma detectou no dia 11 de agosto, conforme resultado do exame microbiológico, uma "enterobactéria possivelmente produtora da Carbapenemase (KPC)” na paciente.
O Ortotrauma já tem como rotina no controle de infecção hospitalar o desenvolvimento de ações como o uso de antimicrobiano específico, instituição de isolamento de contato, limpeza terminal dos leitos, restrição das visitas na UTI e reiteração da importância da higienização das mãos. Além disso, o hospital realizou rastreamento da referida bactéria dos outros pacientes que se encontravam na UTI e todos apresentaram resultados negativos.
A Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa se solidariza com os familiares da paciente.”
Superlotação
A inspeção do MP também detectou supelotação na unidade hospitalar, que tem 120 leitos e 20 pacientes em macas esperando serem transferidos para esses leitos. A direção do Ortotrauma, no entanto, informou que, em setembro, mais 30 leitos e mais duas salas de bloco cirúrgico serão providenciados, o que deverá resolver o problema da superlotação.
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