CULTURA
Luan e Forró Estilizado lembra trajetória no SuperStar
No domingo, banda seguiu viva no SuperStar mostrando que vai além do forró.
Publicado em 24/06/2014 às 9:00 | Atualizado em 31/01/2024 às 17:39
Luan Barbosa está sonhando acordado. Literalmente. Dormindo em pé no aeroporto de Campinas, no interior de São Paulo, aguarda o embarque para outra Campina: a terra natal, no interior da Paraíba. "Vou fazer três shows hoje e outros três amanhã. Agora a gente só para em agosto", diz o cantor, ao telefone, com a voz pastosa de quem acabou de acordar.
Um dia depois de se classificar para a penúltima etapa do programa SuperStar, da Rede Globo, Luan e sua banda ainda não tiveram tempo de dormir. Um dos shows da maratona é hoje, às 21h, no Busto de Tamandaré. Luan e Forró Estilizado encerram o São João de João Pessoa junto do Forró da Xêta, em apresentação gratuita.
No repertório, as músicas que ajudaram o grupo a atravessar todas as fases do programa até aqui, desde as audições e duelos, com ampla aceitação do público. "A gente se reúne e vê qual é a melhor música para atingir o emocional das pessoas", revela Luan, que está na estrada há 5 anos com os músicos Felipe Brito (baterista), David Michel (guitarrista) e Pablo Rosseline (baixo).
A experiência no palco foi o que deu a segurança que os companheiros exibem atrás do telão do programa, atributo que tem arrancado elogios dos jurados. "Não adianta eu cantar, no programa, uma música que eu não canto no meu show. A única coisa que a gente muda é o arranjo."
'FORROCK'
No mais recente 'top', no domingo, Luan surpreendeu misturando os acordes iniciais de 'Stairway to heaven', do Led Zeppelin, na introdução de 'Espumas ao vento', de Accioly Neto (1950-2000), famosa na voz de Fagner. A escolha chamou a atenção de Dinho Ouro Preto.
"A gente não sabe só tocar forró", afirma o 'Elvis da Paraíba' (ele ganhou o apelido por causa do topete), que toca sanfona desde os nove anos de idade e entrou em contato com a música por influência do pai, Amazan, cuja fábrica produz os instrumentos utilizados pelo filho. Autodidata, Luan conta que nunca aprendeu a ler uma partitura na vida. "Eu acho fantástico quem consegue, mas eu não consigo", pontua o jovem, que se recorda da dificuldade que teve ao participar de um recital organizado por Jorge Ribbas, professor com quem teve aulas de teoria musical durante seis meses, em Campina Grande. "Eu estudei a partitura durante oito dias mas ela não me entrava na cabeça. Tive que ouvir uma gravação da música antes, para conseguir tocar no recital.
GRAVADORA
Depois de integrar a banda de Amazan, na qual ingressou aos 12 anos, Luan resolveu criar a sua própria carreira em 2009. O 'forró estilizado' que empresta o nome à formação que divide com os outros três amigos, chamou a atenção das gravadoras.
"A gente tenta inovar com essa batida diferente. São quatro carinhas no palco que tentam fazer o que faz uma banda de quinze pessoas. Acho que a gente mostrou nossa cara e até quem não gosta de forró passou a gostar por causa desse forró diferente, estilizado", opina o artista, em vias de assinar contrato com a Som Livre. A ideia é reunir, em um único disco, canções autorais como 'Solteiro na sexta', que apresentou no 'top 9' do programa, no início do mês.
PIRATARIA
Até o momento, o trabalho autoral é divulgado a partir de registros promocionais financiados do próprio bolso e distribuídos entre empresários, produtores, fãs e carrinhos de som. "É assim que funciona aqui no Nordeste. Hoje em dia não se vive mais de vender CD. É só assim que se consegue girar", dispara Luan, que não se mostra avesso à pirataria. "Não tenho nada contra. Acho muito bacana. Um sinal de que você está bem é quando seu CD está tocando na rua e sendo baixado na internet."
O método parece estar dando resultado. Canções como 'O teu beijo', 'A mulher do patrão', 'Solteiro na sexta', 'Pode ou não pode' e 'Tô nem aí' são hits no YouTube e cantadas em coro nos shows do grupo que chegam a reunir até 20 mil pessoas. "A gente tem essa ousadia de levar a nossa música e fazê-la entrar no ouvido de todo mundo. Estamos muito satisfeitos e com sentimento de dever cumprido, porque estamos mostrando o nosso talento, a nossa cultura. Independente se formos para a final ou não, já somos grande vencedores."
Contando com o apoio da torcida no futuro da competição, Luan manda o seu recado antes de partir para mais uma viagem pelo Nordeste: "Estamos deixando a chama do forró acesa, a chama de um estilo muito bacana que precisa ser conhecido. Essa não é só uma bandeira minha, mas de todo o povo nordestino."
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