CULTURA
Júnior Cordeiro apresenta repente com Syd Barret na capital
Júnior Cordeiro se apresenta amanhã, na Estação do Sol, onde o paraibano irá dividir a noite com Lenine.
Publicado em 12/01/2012 às 8:00
Incrustado nas raízes nordestinas, Júnior Cordeiro dá sequência a uma gloriosa carreira musical a bordo de seu ótimo O Lago Misterioso, CD de 16 faixas autorais, lançado ano passado, em Campina Grande, e que será apresentado aos pessoenses amanhã, na Estação do Sol, onde o paraibano irá dividir a noite com Lenine.
Nascido e criado em São João do Cariri – “cidade pela qual eu sou louco de pedra”, diz Júnior – o cantor, compositor e poeta desponta pela sua música muito bem orquestrada (parte do mérito vai para as belas cordas de Jorge Ribas) e letras que, habilmente escritas, retratam a cultura do Nordeste de forma dinâmica, poética e contemporânea.
“Meu trabalho tem origem no imaginário popular, na tradição oral, nordestina, nas heranças ibéricas e coisas que eu vivenciei no Cariri, das lendas, dos folclores regionais, dos cordelistas, dos violeiros”, enumera Júnior Cordeiro, que além de compor, escreve cordéis, o último deles, O Fabuloso Conto de João Cordeiro com a Caipora, premiado pelo Ministério da Cultura.
Com um forte e inconfundível sotaque nordestino, Cordeiro conta que deve sua formação às avós. “Foram elas que me passaram as histórias do romanceiro medieval, trazidas pelos colonizadores através da literatura de cordel, das histórias do folclore, do mundo místico, de caipora e botija, todos elementos do imaginário coletivo que eu uso na minha música”, conta Júnior.
O grande trunfo de O Lago Misterioso é equilibrar a sonoridade dos cantadores e violeiros com uma roupagem contemporânea.
Não, Júnior Cordeiro não faz mangue beat, mas sim um som retrô de ótimo acabamento que flerta com rock progressivo e doses generosas de psicodelia, no som e nas metáforas que emprega nas letras. É como se Syd Barret tivesse gravado um baião com o Pink Floyd.
“Eu vou lhe ser sincero: eu comecei a ouvir música pelo rock”, revela. “Foi só na vida adulta que eu fui despertar para aquilo que estava adormecido em mim, que era a música nordestina.
Foi quando eu fui revistar Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e, principalmente, os violeiros-repentistas. A maior influência musical, estética e artística do meu trabalho vem dos repentistas”, garante.
Cordeiro concorda que sua música, embora enraizada nos aboios e emboladas, traz um verniz pop-rock. “Traz sim, e garanto que é proposital”, comenta. “Porque eu acho que é uma maneira de universalizar a música nordestina e porque eu gosto.
Aliás, eu continuo gostando de rock progressivo. Acho que isso não mexe com a ideia da nordestinidade”.
O Lago Misterioso sucede o primeiro disco de Cordeiro, Carrascais, lançado em 2006. “É um disco surreal, bem fragmentado, que questiona muito a perda de identidade cultural na modernidade. O segundo é muito mais a minha cara”.
O músico, que promete acrescentar algumas faixas desse primeiro trabalho no show ‘O Lago Misterioso’, com início previsto para às 20h, no Ponto de Cem Réis, diz que vai seguir mostrando seu trabalho pelo Nordeste ao longo de 2012. “Tenho cantando muito por todo o estado, mas agora estou investindo em editais e festivais de fora, em Pernambuco, Ceará, etc.”, comenta.
Pelo site www.juniorcordeiro.com dá para conhecer as músicas do disco. Certamente, Júnior Cordeiro tem um trabalho valioso que deverá extrapolar as fronteiras.
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