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VIDA URBANA

Semana Santa: Jovens que aderiram ao jejum tecnológico

Muitos jovens religiosos optaram por incluir nas restrições da Semana Santa o desapego aos vícios ligados à internet.

Publicado em 20/03/2016 às 8:00

Whatsapp, Instagram, Facebook e Snapchat. São poucos os jovens que não conhecem os nomes desses aplicativos, não os têm no celular e que não os atualizam diariamente. Muitos revelam não conseguir desapegar do contato diário com essas redes sociais, mas há quem tenha ido contra a corrente e, num período de 40 dias, decidiu desinstalar esses aplicativos dos seus celulares e se dedicar a uma vida mais intensa de oração. Apesar de diferir do jejum comum, direcionado apenas a alimentos, religiosos explicam que esse sacrifício, que pode ser nomeado 'jejum tecnológico', pode ser inclusive mais válido.

Ao abrir os olhos, a primeira coisa que a advogada Priscilla Scavuzzi, de 25 anos, tinha que fazer era pegar o celular para ver sua rede social preferida: o Instagram. O aplicativo, que mostra atualizações de fotos dos seus amigos, era o xodó de Priscilla, que passava pelo menos meia hora conferindo até a última atualização que ela tinha visto no dia anterior. E durante o dia inteiro era necessário checar o celular diversas vezes para conferir se tinha novidades.

Católica praticante, ela percebeu que era necessário um esforço maior nesse período de Quaresma e decidiu que era hora de deixar de lado a rede social. “Eu era muito viciada. Eu senti que precisava mudar esse hábito, então decidi que iria deixar de lado o Instagram. Excluí o aplicativo do meu celular e passei a fazer o sacrifício”, disse, revelando que os primeiros dias não foram nada fáceis.

“No começo foi muito difícil, mas hoje, mais de 30 dias depois, já não me faz falta”, afirma. E era esse objetivo que ela almejava. Hoje ela acredita que conseguirá, ao final da Quaresma, reinstalar o aplicativo, mas agora sem tanto apego.

Assim como ela, o estudante universitário José Maria Viana, de 22 anos, também resolveu aderir ao jejum tecnológico. Ele, contudo, foi mais a fundo. Deixou de lado o Facebook, o Instagram e o Snapchat. “Eu percebi que perdia muito tempo nessas redes sociais, então decidi por fazer essa experiência. Percebi que eu aproveitei mais meu tempo para fazer mais orações pessoais e também outras coisas, como estudar, ou ficar mais com minha família”, detalhou.

Sacrifícios
Grande adepto das redes sociais, o padre Marcondes Meneses, pároco da Igreja Menino Jesus de Praga, que fica no bairro dos Bancários, em João Pessoa, destaca que o sacrifício do jejum tecnológico demonstra que com a mudança dos tempos é necessário que haja uma mudança de sacrifícios. Ele acredita que as redes sociais são hoje um recurso benéfico, mas que, se usado em exagero, pode trazer vícios e diversos prejuízos. “As redes sociais são positivas, mas quando afetam a vida da pessoa criam uma escravidão, afastam as pessoas, e podem acabar criando uma geração de superficialidades, de pessoas que demonstram aquilo que não se é”, alertou.

Mas não adianta de nada fazer um sacrifício tamanho de algo que se gosta tanto se, após a quaresma, isso não se transformar em um hábito. “O jejum é isso. É mostrar que o cristão não é escravo de redes sociais, nem de outras coisas como bebida, televisão. Esse período da quaresma é como se fosse uma 'prova', onde nos exercitamos espiritualmente, procuramos domar umas escravidões e, passada a quaresma, possamos encontrar um equilíbrio”, explicou.

PÁSCOA
E o sentido maior de todo o qualquer sacrifício feito nesses 40 dias é vivenciar melhor a Páscoa. Segundo o padre, como Cristo venceu a morte, todos podem vencer os desafios diários.

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Jornal da Paraíba

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